quinta-feira, 15 de março de 2012

Felicidade e Sofrimento


A felicidade é uma necessidade básica. No entanto, todos, com certeza, já perceberam que os momentos de felicidade são efêmeros.

Como gostaríamos que fosse diferente!

Se olharmos para o mundo, veremos que a felicidade não é duradoura em nenhum lugar e que em toda a parte o sofrimento se prolonga; e como os irmãos se matam uns aos outros, combatendo com atrocidade!

A primeira metade do século XX, tão profundamente “esclarecido”, cerca de 70 milhões de homens foram mortos, em guerras horríveis. O abuso do poder e a violência que dele decorre derramaram sobre a humanidade uma onda ininterrupta de sofrimentos assustadores.

Conflitos interiores e exteriores não pararam de fazer crescer o medo e o desespero.

Para tentar explicar a situação, muitos afirmam com convicção que o sofrimento é necessário e até mesmo que ele tem um certo valor na vida. 

Participar do sofrimento dos outros é ter compaixão e quem sofre considera que isto é um sinal de Deus que está olhando por ele.

Se nos aprofundarmos neste grande mistério e estudarmos as emoções do coração humano, descobriremos que existem duas espécies de felicidade e de sofrimento. 

Há o sofrimento causado pela crueldade, pelas crises e pela injustiça deste mundo, e pela incapacidade de enfrentá-las de maneira correta. 

Por outro lado, existe a felicidade causada pelos sentimentos de segurança e de simpatia, a felicidade que nasce das relações entre os seres humanos e que acaba tornando-se a finalidade da vida.

Este tipo de felicidade e de sofrimento pertence aos processos da vida terrestre e somente diz respeito à dimensão natural do homem mortal, a seus desejos e necessidades.

Também há um sofrimento e uma alegria que provêm de uma outra fonte, que provêm da ignorância ou da consciência da presença de um princípio de eternidade dentro de nossos corações.

Quem capta e sente um pouco estas forças de eternidade, sente uma alegria intensa e ao mesmo tempo um grande sofrimento.

Estas vivências podem acontecer com regularidade e tomar conta de todo o ser, para sempre. 

E isto acontece cada vez que o comportamento se aproxima de Deus ou se afasta dele. 

Esta experiência pode ser traduzida pelo profundo sofrimento de sentir-se separado da vida divina original. 

Mas também há a alegria que volta cada vez que se pode ouvir o apelo da eternidade em meio à solidão, à crueldade e à futilidade do mundo.

A felicidade e o sofrimento terrestres são a própria expressão da vida natural sobre a terra. 

A felicidade e o sofrimento que resultam de nos colocarmos em harmonia com o princípio interior do Espírito divino fazem entrever uma nova possibilidade de vida: uma vida que haverá de desabrochar a partir do princípio imortal do Espírito dentro de nosso
coração.

Considerados deste ângulo, felicidade e sofrimento passam a ter um novo valor, que será como uma oportunidade a ser alcançada, uma tarefa a ser cumprida, e principalmente como uma promessa.

Se continuarmos prisioneiros do sofrimento ao qual a humanidade está submetida desde a sua origem, acabaremo-nos esgotando e abandonando a luta, arrastados para sempre no círculo vicioso onde não é possível haver vitória no combate: a luta pela felicidade e a luta contra o sofrimento não chegam a nenhum resultado positivo.

Todos os que vêem (os despertos) claramente adquirem uma compreensão totalmente nova e vêem as coisas sob uma nova luz. 

Quem julgava seu sofrimento exclusivamente em função dos critérios terrestres, agora está certo de que o ser humano sempre
tem tendência a renegar o princípio divino dentro dele e que por isto torna-se presa fácil do sofrimento.

Finalmente, ele reconhece que existe dentro si um princípio divino e o coloca à frente de tudo para que ele possa viver e crescer. 

Então, ele descobre que muitos sofrimentos vão-se enfraquecendo e até mesmo podem ser evitados, graças a sua atitude totalmente diferente em relação à vida. 

Ele já não experimenta o sofrimento como um flagelo, mas como um auxílio e uma graça no caminho de sua vida. 

São como degraus pelos quais ele deve subir até o mundo divino, o mundo da Verdadeira felicidade.

Por que ele tem de subir estes degraus?

Para adquirir cada vez mais compreensão, constatando que todos os sofrimentos são causados pelo egocentrismo, e que o eu deve retirar-se pouco a pouco e morrer a fim de que o Homem original ressuscite.

Assim, cada vitória sobre o eu, fazendo-nos sofrer e cair de nosso pedestal, nos eleva também cada vez mais rumo à eternidade. 

Quando compreendemos e sentimos o sofrimento, ele é aceito, e é sem hesitação que subimos os degraus um a um para, enfim, nos perdermos na felicidade divina 

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