domingo, 30 de setembro de 2012



" O Conhecedor e o Conhecido - Aquele que sabe, Que este corpo é da terra, Livra-se do orgulho. Aquele que sabe , Que a lei de Deus prevalece, Esta livre do sofrimento. Aquele que sabe, Que cada evento é pré-determinado, Não mais planeja. Aquele que sabe, Que tudo o que ocorre vem d Ele , Esta livre das atribulações." ( Mestre Sufi - Abdullah Ansari, sec, XI )

sábado, 29 de setembro de 2012



"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não ,sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; porque o querer está em mim, mas não consigo efetuar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.De sorte que acho esta lei em mim; que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor".

quinta-feira, 27 de setembro de 2012



Eu estou do lado da LUZ ( lucidez) e do AMOR!! 

Este mundo já está o suficiente do lado das sombras , do controle que domina colocando MEDO e TERROR em todos nós. 

Sei perfeitamente a base de alucinação que todos nós vivemos, sei do controle das massas que nos cega para uma realidade em nós e para além de nós. Por que darei força a este sistema comungando com o medo e a falta de amor? 

Criando uma sombra em mim e ao meu entorno com pessimismo, com este materialismo que só 
gera estresse, péssima qualidade de vida e MUITO MEDO. Vivemos o nossos medos de cada dia, pois o que só se propaga é isto, e é isso o que nos controla. 

Todos os meios dominados pelo medo. Não sabemos de amor.. E se é o que mais queremos e o que mais desejamos, por que não AMAMOS?

Agora, eu vou sim, alertar para a alienação mas não posso deixar de espalhar o belo, o bom e o amor. Isso nunca!! Até isso acham alienante, até isso acham coisas de florzinhas, até o bem é visto como algo de nossa falsidade, que ninguém é isso, e que todos somos maus, nos disfarçando com palavras doces.

Não acredito nisso. Acho que nos falta entendimento. Quem se condena, se julga, se constrange, que sente medo, que está cheio de "verdades" , certezas e opiniões é que julga e julga muito, pois não pára mesmo de se julgar um minuto e isso é projetado e vira arma apontada para os demais. Não há condição nenhuma de se ter compaixão e amor no mundo. Porque este trabalho precisa começar em nós. Largando de mão este nosso grande mal-entendido, as nossas presunções e arrogâncias. 

O controle quer que nos vejamos como pobres coitados, miseráveis, medrosos, ruins, incapazes de MUDAR AS COISAS E O SISTEMA. Isso é CONTROLE. quando te dizem que você NÃO PODE, que você NÃO VALE NADA, e que você JAMAIS saberá o que é o AMOR. Que a VIDA é MISERÁVEL, que o SISTEMA É ASSIM E QUE NÃO TEMOS MAIS SOLUÇÃO e nem FORÇA PARA MUDAR. Sim, aí está a base de controle bem INFILTRADA EM NOSSAS MENTES. 

Do controle religioso agora passamos a viver pelo controle do DINHEIRO, do LUCRO.

Vivemos morrendo por DINHEIRO, e o que mais queremos é AMAR e sermos AMADOS. E isso pouco tem a ver com dinheiro. Que grande incoerência! Eles, os grandes manipuladores de massa, uma minoria macabra que controla as nossas vidas em benefícios de sua ganancia e estupidez. E todos caímos como patinhos... Seguidores do nada para lugar nenhum. Sim, para o lugar da MISÉRIA HUMANA, para a DESESPERANÇA, para o MEDO e falta de AMOR. E o mundo entra em COLAPSO, social, econômico e humano. 

Aonde vamos parar se não pararmos para SENTIR com o coração, aonde colocamos a nossa vida, e em que mãos ela está. 

Por isso que divulgar o BEM, O BELO E O AMOR , é e sempre será o meu lema. Pois somos tudo isso e desconhecemos, porque somos controlados, estamos presos , reféns de paradigmas absolutamente contrários a nossa HUMANIDADE AMOROSA e CRIATIVA, PRÓSPERA E ABUNDANTE. 

O trabalho de RESGATE de nós mesmos começa AGORA. 
Procuremos sair da ignorância sobre nós mesmos e sobre a VIDA. 

AMOR É A NOSSA ESSÊNCIA. 

Somos é ignorantes disso e acreditamos em NOSSO MAL inerente. A VELHA HISTÓRIA DO PECADO ORIGINAL. 

O que acontece é que estamos mesmo é RETROALIMENTANDO O MEDO e IGNORÂNCIA,e com isso somos AGRESSIVOS, sentimos AVERSÃO E SEPARAÇÃO. O ORGULHO cresce e o EGOÍSMO impera. A VISÃO se estreita e a INJUSTIÇA é a nossa vivência. 

Afinal, o que cada um de nós pode fazer para mudar este sistema, este estado de coisas?? 

A vida é preciosa como diriam os Budistas então façamos ela ter SENTIDO E SIGNIFICADO ABRANGENTE , que ela seja PRECIOSA e larguemos de mão o império do MAL dentro de nós ( o conhecimento de nossas sombras, implantadas pelo controle externo, retroalimentação da ignorância e o medo) e fora de nós (CONTROLE PELO MEDO)

terça-feira, 18 de setembro de 2012




"O que significa relacionar-se com olhos abertos? É relacionar-se com consciência, deixando de atribuir aos outros a responsabilidade de nos fazer felizes, exigindo deles o que só nós podemos nos dar. “Dois” é o processo da consciência – que se desdobra a partir do Ser – podendo significar você e o(a) parceiro(a), você e seus amigos, você e o mundo. Ou ainda, num relacionamento muito
 especial, você e você mesmo. Dois é também o jogo dos opostos. Pelo mecanismo de atração e repulsão, esse jogo cria, mantém e finalmente destrói as relações. Nossas percepções se intensificam, o cérebro se fortalece, a vida se expand...e e se organiza quando deixamos de ser tão só uma peça inconsciente nesse jogo para assumir nosso destino, colocando atenção nos processos internos e externos, parando de fugir deles sob estímulo do medo. Então, cada pessoa em torno de nós é vista como um Ser e não mais como objeto (ou pior, como inimigo), reduzindo nossa tendência para as projeções, para a reatividade e para as “relações de uso”. O efeito disso é alcançarmos relacionamentos mais plenos, longe de ciúmes, competição e dependências doentias, sob a chama do amor já existente em nós como dom natural do espírito (só por já existir é que pode ser real). É necessário apenas que nossos olhos se abram – conhecendo o mistério de nossos próprios "eus" na convivência iluminada com o outro".

sábado, 15 de setembro de 2012

De Conde A. Tolstoi: Para o Artista



"Sede cegos como Homero e surdos como Beethoven.

"Mas esforçai mais zelosamente vossos ouvidos e vossos olhos espirituais.

"E como se tênues linhas de uma escrita secreta subitamente sob a chama emergem,

"Assim as imagens subitamente emergirão diante de vós.

"E mais vividas tornar-se-ão as cores e mais perspectiveis as pinturas.

"A harmoniosa correlação de palavras entretecer-se-á em claro significado.

E vós, neste momento, eis que, escutando atentamente vossa respiração,

"E mais tarde, criando, criando, criando - relembrareis a visão fugaz.

Nicholas Roerich

Himalaias
24 de julho de 1932

sexta-feira, 14 de setembro de 2012



..."O sol não gira em torno da terra,nem a terra é o centro do universo. 
O universo não está submetido a um destino rígido, mas se encontra em permanente evolução, seguindo uma ordem fixa, desde a eternidade.
O superior e o inferior estão ligados por uma só e mesma vida, que é infinita e inesgotável. Se bem os indivíduos sejam inumeráveis, o todo é Uno e conhecer esta unidade é o objetivo de toda a filosofia e toda a contemplação humana.

Todas as coisas que existem no universo estão dotadas de alma e vida...
O universo é eterno no tempo, infinito no espaço e tudo está em constante evolução. Em um universo assim, o espaço, o tempo, tamanho, peso, movimento, sucesso, trocas, relações e perspectivas são sempre relativos a qualquer marco de referência...

Nunca deve valer, como argumento, a autoridade de qualquer homem, por excelente e ilustre que seja. É sumamente injusto pregar o próprio sentimento a uma reverência submissa aos outros; é próprio de mercenários ou escravos, e contrário à dignidade da liberdade humana, sujeitar-se e submeter-se . É suma estupidez crer por costumes, é coisa irracional conformar-se com uma opinião por causa da quantidade de quantos a crêem. Pelo contrário, é preciso buscar sempre a razão verdadeira e necessária...

As estrelas, consideradas fixas, não o são em absoluto. Já que se pudéssemos observar o movimento de cada uma delas, poderíamos ver que jamais duas estrelas conservam a mesma direção a mesma velocidade, somente as grandes distancias que nos separam delas é que não nos permite perceber as variações. Portanto, há inúmeros sóis e um sem número de Terras que giram ao redor deles. Se aceitarmos que somente nosso planeta é habitado estaremos limitando a infinita bondade e perfeição atribuídas a Deus e as suas obras..." 


Tradução do memorial:

"A Giordano Bruno, queimado vivo por intolerância religiosa. A comunidade democrática de Dovadola não esquece que é na harmonia da vida em comum que a liberdade de pensamento encontra seu fundamento."
1º de agosto de 1909.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O ELEMENTO DO FOGO E A MUDANÇA



“No passado, tivemos a luz que cintilava; no presente, temos a luz que flameja; no futuro, haverá uma luz que brilhará sobre toda a terra e todo o mar.” – Winston Churchill

Aqueles que estão trabalhando para o futuro possuem algumas qualidades inatas que alimentam suas vidas. Para mencionar algumas dessas qualidades, podemos dizer que são: abrangência, cooperação, senso de responsabilidade, pureza de motivo, imaginação criativa, poder de encorajar outros e serviço altruísta. Essas qualidades são como o vento que enche nossas velas à medida que nos movemos através do oceano da vida.

Cada indivíduo tem que desenvolver cada faísca progressivamente e transformá-la, à sua própria maneira, para o nível seguinte de existência. Cada passo dado na direção do futuro é um fenômeno de desenvolvimento, transformação e manifestação do potencial interno existente na faísca. Essa faísca interna ou eu torna-se a chama interior, consome impurezas, descobre sua identidade e passa da escuridão à luz.

No início, no viagem é solitária. A faísca ígnea dentro de nós necessita de direção. O desejo de mudança necessita ser transmutado em aspiração e determinação. A mudança, ou a passagem de um estado a outro, demonstra a habilidade de transformar nossos hábitos através do uso da vontade ígnea. À medida que estas idéias são compreendidas pelo indivíduo, elas causam dois acontecimentos. Primeiro, inicia-se um período de derrubada e uma ruptura daquilo que é velho e que obstrui. Isto é seguido pelo segundo estágio, um brilhar claro de novas idéias. Estas idéias incorporam maiores princípios e constroem caminhos mais claros para o futuro na vida do aspirante. O primeiro estágio, o estágio da derrubada e ruptura, traz geralmente uma crise na vida da pessoa. Em cada crise está uma oportunidade. Somos confrontados com uma convergência um tanto complexa de todos os tipos de pensamentos, sentimentos, coisas que têm de ir-se. Neste momento, a hora da oportunidade esta sobre nós e temos de abandonar facetas impeditivas desnecessárias da natureza de nossa personalidade. É através deste estágio que podemos e devemos nos identificar com o grande todo e com o propósito da alma.

O sacrifício, ou o significado comum de sacrifício – renunciar a algo – pode ser visto de uma outra maneira. Podemos ver o sacrifício como o processo criativo de transformação espiritual onde o maior é substituído pelo menor. Ter esta visão, implicando tornar completo o sacrifício visto como processo criativo, reflete o sentido da raiz da palavra sacer que é “sagrado” ou “santo”. Assim, à medida que trilhamos o caminho, começamos a responder ao propósito e à visão do eu superior – a alma.

À medida que essa ligação ou contato torna-se mais estável e sua visão mais impulsionadora, sentimos o anseio de encarregarmo-nos da vida exterior de nossa personalidade. Nossa vontade torna-se ativada à medida que desenvolvemos uma determinação para mudar atitudes e valores em todas as áreas de relacionamento, de modo que entrem em harmonia com a visão mais elevada que podemos perceber. Esta compreensão e determinação são a essência do sacrifício como um processo transformador, elevando as vibrações mais baixas, por assim dizer, para as mais altas e unindo nossas experiências interiores e exteriores no serviço. Desta compreensão de uma vontade compassiva, aprendemos a aplicá-la em nossa vida através dos muitos sacrifícios com os quais as circunstâncias nos desafiam. É nestas circunstâncias que encontramos oportunidades de compartilhar, amar e agir de acordo com os impulsos de nossa alma. Os obstáculos da personalidade são transformados, e o potencial de servir torna-se maior.
A regeneração e a transformação podem ser um processo lento à medida que percorremos o caminho. A lentidão é devida à sua profundeza; cada minúscula etapa pode ser muito mais importante do que muitos de nós percebem.

De um ponto de vista físico ou médico, sabemos que uma mudança completa no sistema sanguíneo de um ser humano, purgando e regenerando completamente o corpo físico, leva cerca de sete anos. Então, talvez, possamos dizer que poderia levar algo como sete anos ou mais para regenerar a personalidade-alma, o espírito e o caráter de alguém.

É desta perspectiva que o sacrifício tem a ver com renunciar, Nós renunciamos de boa vontade a algo, porque é um processo mais profundo que traz o sagrado para dentro de nossas vidas e o manifesta. Cada contribuição que fazemos em serviço ajuda a nutrir a visão do bem maior. Cada sacrifício que fazemos para nos tornarmos mais fiéis à nossa visão espiritual é uma contribuição ao “fazer sagrado” da família humana. Albert Schweitzer disse “Nada de real valor jamais é realizado sem entusiasmo e auto-sacrifício.”

Elaine Ralston

domingo, 9 de setembro de 2012



NAVEGADORES ANTIGOS tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."

Quero pra mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.


Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

FERNANDO PESSOA

*Obra Poética - Volume único, 1965.

domingo, 2 de setembro de 2012

Ilusões



"O que é este mundo? Maya. Qual é a sua causa? Nossa ignorância. O que é a ignorância? Novamente Maya."

Maya é não somente a causa das ilusões que engendram a estreiteza de espírito, o ódio e os desejos, como também a própria i

lusão.

O homem original era um ser poderoso manifestado, cuja forma mais elevada é designada na Índia pelo termo Atman.

Atman é imortal, todavia não é perceptível, pois é oculto pelos fenômenos terrestres transitórios.

Em inúmeros escritos antigos da Índia, os fenômenos da matéria sutil ou densa, incluindo o corpo físico, são qualificados de Maya.

Para libertar Atman da sujeição de Maya, é preciso se voltar para o átomo divino do coração, a “jóia do lótus”.

Maya é a força cósmica que cria e também possibilita a percepção das ilusões.

A sabedoria hindu só concebe como real aquilo que é imutável e imperecível.

Tudo que se transforma, se desagrega e desaparece, que tem um começo e um fim, é considerado como Maya.

Nestas condições, o homem desta natureza suscita fenômenos passageiros com os quais se identifica.

Assim, ele mesmo é Maya, ilusão e irrealidade.

Todos os elementos, materiais e forças estão potencialmente presentes na substância primordial; do mesmo modo, o potencial da eternidade está presente em todo fenômeno mortal.

O coração sempre encerra esse “potencial de eternidade”, mas progressivamente perdeu a consciência divina.

Existem, portanto, duas consciências diametralmente opostas: a consciência do homem prisioneiro de Maya e aquela do homem no qual Atman fala em sua forma mais pura, naquele que é um com Brahman.

Tudo que é mortal não pertence à única Realidade, segundo a antiga sabedoria hindu. Aquilo que encerra a consciência inferior não tem qualquer realidade e tem por nome Maya.

O mundo da ilusão se opõe, aqui, ao mundo do Criador; porém, fora Dele, nada existe. O que é mortal é da vida divina não liberta ou não manifestada.

As criaturas não reais aparecem e desaparecem pela força de Maya, enquanto que Atman, o ser eterno,permanece.

Sem nascimento, nem vir-a-ser, nem morte.

Pode-se, por conseguinte, indagar em que medida a personalidade é realidade ou ilusão.

Para o homem terrestre, a vida cotidiana, com seus sofrimentos e alegrias, é a única realidade.

Ele não conhece nenhuma outra. Ele luta continuamente para salvaguardar sua felicidade fugaz, seus ideais imaginários, seu corpo que envelhece, sua saúde frágil, sua mente confusa, seu poder ameaçado, e suas posses, que
crescem ou diminuem.

Todavia, sem sucesso. E para terminar, o homem deve renunciar à luta e tudo perder por causa de Maya. Sua consciência deficiente o torna incapaz de sondar o divino e, por este motivo, ele não oconsidera como a única Realidade.

O homem se opõe a ela e até mesmo a ignora, pois sente, ainda que de forma obscura, que o divino combate e destrói as poucas certezas que ele, homem, acredita possuir.

Os véus de Maya, na tradição espiritual da Índia, a morte possui uma significação diferente daquela compartilhada pelo materialista de hoje.

Como a vida na matéria nada mais é que ilusão, não se perde nada de essencial ao sobrevir a morte. A morte simplesmente retira um dos inúmeros véus de Maya.

Só se pode adquirir a consciência do divino procurando e encontrando Atman no fundo do ser. Deve-se despertar Atman em si mesmo.

Freqüentemente se compara o mundo de Maya a uma miragem.

Aquele que vagueia no deserto da vida crê ver um oásis ao longe.

A água com seus reflexos ondulantes, a sombra atraente das palmeiras, os seres humanos, os animais, uma vila, se descortinam no horizonte.

Mas, quando ele se aproxima, tudo se dissipa. A realidade que ele imaginou nada mais era que uma miragem.

Eis o que é Maya! Erro dos sentidos, erro da consciência limitada.

Às vezes também se compara a vida a um sonho.

A consciência não faz distinção entre o sonho e o estado de vigília.

Esta é a razão pela qual, segundo a antiga sabedoria hindu, o mundo daquele que está em estado de vigília não é mais real do que o mundo daquele que dorme.

Quem quer que se encontre aprisionado na consciência terrestre pensa que o seu mundo é o mundo real.

Mas aquele que pode ultrapassar esses limites, e no qual o centro divino do coração tem a possibilidade de despertar, aquele que é capaz de testemunhar da realidade velada por Maya descobre que o mundo cotidiano nada tem a ver com o mundo da Realidade divina.

Os sábios da Índia, há milhares de anos, aspiravam sair do mundo dos sonhos e das mistificações para se fundir em Atman.

Entre esses dois estados de consciência se interpõe o véu de Maya.

Como nada existe fora de Brahman, é nele que se encontra a origem de Maya.

A história do asceta Narada descreve como Vishnu lhe ensinou o segredo de sua MayaNarada desejava aprender o segredo de Maya.

Ele a encontrou sob a forma de uma bela jovem. Maya é a força que incita Narada a se entregar ao mundo da ilusão.

Ele abandonou o Paraíso e suas portas se fecharam atrás dele. Aí começou a sua história, ou sua queda, como se diz.

Ele participou do árduo trabalho e das alegrias dos camponeses. Trabalhou a terra e entrou no círculo vicioso dos nascimentos e das mortes. Foi feliz e infeliz, e descobriu que não podia conservar o que é mortal.

Assim, perdeu seus bens, sua mulher, seus filhos, a si mesmo e o mundo de Maya.

Narada é a imagem do homem que se deixa guiar pela ignorância e pelos desejos.

Por isso, tudo aquilo que ele adquire lhe é subtraído.

Sua ignorância dos processos vitais o retém prisioneiro, encarnação após encarnação, no interior das dimensões do espaço tempo.

Ele mergulhou na matéria e tornou-se um fenômeno terrestre, inteiramente submisso às forças da natureza.

A consciência dos intelectuais cultivados e materialistas não parece, após muitos séculos, capaz de afastar os véus de Maya.

Mas, em nossa época, uma nova direção lhes é mostrada, um novo caminho que principia pelo átomo divino que sobrevive no coração e que recebe as indicações para evitar, ou se desembaraçar, dos obstáculos que na Índia antiga ainda não existiam ou apenas começavam.

O que é divino no coração e provém da origem espera sua libertação.

E sobre esse caminho, o homem moderno recebe toda a ajuda necessária para romper o seu estado de sono, libertar o princípio divino e se abrir a uma nova vida.

Como o eterno está “morto” no corruptível, o corruptível deve agora morrer no eterno.

Aquele que desejar perder o seu eu encontrará o seu “Ser divino”.

Neste processo de morte e de renascimento, o ser fundamental do homem imortal se liberta dos fenômenos, das idéias pré-concebidas e do medo que o retêm prisioneiro como Narada.

É assim, então, que a finalidade de toda vida humana é a mesma ontem, hoje e amanhã: o acesso ao campo de vida divino, o retorno à casa do Pai.

Mas o ensinamento e o caminho devem sempre adaptar-se às mudanças da consciência, para que reste sempre a capacidade de compreender esse ensinamento e de seguir o caminho....