terça-feira, 26 de julho de 2011

ORAÇÃO E MEDITAÇÃO



A oração sempre foi a prática básica de todas as tradições religiosas e espirituais. Quanto à forma, Mestre Jesus pontifica que o verdadeiro aspirante deve evitar a oração mecânica, repetitiva, sem o engajamento do coração: “Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos” (Mt 6:7).

Aos seus discípulos ensinou o “Pai Nosso” como forma de expressão de devoção e compromisso de vida. Muito aproveitaria ao fiel a leitura do livro inspirado de Teresa de Ávila, Castelo Interior ou Moradas, em que essa grande mística carmelita discorre sobre os sete tipos de oração com seus respectivos níveis de realização espiritual.

A prática da meditação é apresentada na Bíblia de forma velada. Mestre Jesus, contrastando a postura daqueles que chama de hipócritas por fazerem suas orações nas sinagogas e em lugares públicos para serem vistos, exorta seus seguidores a fazerem suas orações em recolhimento. “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6:6).

O que é apresentado como sendo externo, o quarto, refere-se a algo interno, o coração. Mestre Jesus nos exorta a retirarmos nossa consciência para o âmago de nosso ser, simbolizado por aquele órgão. Fechar a porta, significa fecharmos a entrada das percepções do mundo exterior para a nossa consciência, inclusive o fluxo de pensamentos. Isso eqüivale à quinta etapa da ioga de oito passos de Patanjali, o recolhimento interior (pratyahara).

Orar em segredo ao Pai significa permanecer em absoluto silêncio, sem palavras e pensamentos, no que é conhecido na tradição monástica como sendo o estado de contemplação. Com essa total aquietação da mente criamos as condições para que a pura luz da intuição possa atravessar a mente e gravar no cérebro o conhecimento superior, a maravilhosa recompensa do Pai.

Os místicos de todos os tempos praticaram a meditação contemplativa. As descrições de Teresa de Ávila são extremamente reveladoras. João da Cruz, em sua obra, A Chama Viva do Amor, descreve a transição das práticas de devoção sentimental para a intimidade com Deus. Quando a alma não mais se compraz com suas práticas devocionais tradicionais, ela passa a ansiar por algo mais. Esse é o ponto de partida para um novo relacionamento com o Pai.

A alma abandona, então, as antigas práticas e entregar-se a Deus sem demandas e em silêncio. Inicia-se um período de descanso em Deus, em que nada parece acontecer. A alma entrega-se a Deus sentindo uma profunda paz. Ainda que esse período de relativa aridez possa durar semanas, meses ou mesmo anos, se o praticante realmente se entregar a Deus, mais cedo ou mais tarde encontrará o Bem Amado, não como imaginava que Ele fosse, mas como Ele é na realidade.

A oração e a meditação devem ser praticadas diariamente, para que seus efeitos de elevação de consciência possam ocorrer.

Mas, para entrar no Reino não basta alcançarmos esporadicamente alguns instantes de elevação espiritual. O Reino foi descrito como um estado de crescente sintonia com Deus. Essa sintonia deve ser estabelecida e mantida durante todo o dia. Paulo provavelmente referia-se a isso quando disse, na linguagem de seu tempo, que devemos orar sem cessar (1 Ts 5:17).

Não devemos imaginar que Paulo, o grande ativista, estivesse exortando seus discípulos a abandonarem seus deveres para ficar orando dia e noite.

O que estava sendo recomendado era o que veio a ser conhecido mais tarde, na tradição cristã, como a prática da lembrança de Deus. Devemos procurar voltar o nosso coração, a nossa lembrança, para Deus durante todo o dia, exatamente como fazemos quando estamos apaixonados por uma pessoa.

Por isso foi dito: “Permanecei em mim como eu em vós” (Jo 15:4). O Cristo interior está sempre conosco, o que falta é nos voltarmos para Ele também. Essa sintonia é tão importante que o Divino Instrutor nos prometeu: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vós o tereis” (Jo 15:7).

Quando o praticante se engaja no processo de lembrança de Deus, ainda que inicialmente de forma imperfeita e com lapsos freqüentes durante o dia, ele inicia uma nova etapa no caminho.

Antes ele lutava contra seus demônios interiores sozinho. Agora terá um aliado permanente a seu lado, o próprio Senhor do universo, a luz infinita que automaticamente repele a escuridão, a onisciência divina que vence toda ignorância.

A partir de então o progresso será muito mais rápido, porque a verdade é incompatível com a falsidade do mundo, e o Amor, com o egoísmo da personalidade. Como Deus é verdade e amor, enquanto estivermos sintonizados com ele, as vibrações distorcidas do mundo material não terão lugar em nosso coração. Estaremos vivendo, então, numa vibração elevada, praticando naturalmente as virtudes divinas e avançando no Caminho da Perfeição.

Além das práticas da oração, meditação e lembrança de Deus, encontramos nos evangelhos referências a certos rituais. A tradição esotérica sustenta que Mestre Jesus usava dois tipos de rituais, aqueles realizados com a participação de um grupo de discípulos e os de caráter iniciatório, que eram conferidos individualmente na medida em que o discípulo tornava-se capacitado para aquela expansão de consciência transformadora.

Por G.A.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Crepúsculo 18 - O Triunfo 7 - O Faraó 3 - Tarô Egipcio



A aparente segurança do seu mundo, esconde, na verdade, o seu medo de se entregar a novas experiências. Tudo esta exatamente como você quer. Mas e tudo oque você está perdendo? Sua rotina e sua segurança o impedem de ter novas experiências e de buscar novos caminhos que talvez possam não lhe dar a mesma segurança, mas com certeza lhe proporcionarão muito conhecimento. Você deve preparar-se para as aventurar e deixar-se guiar pelo desconhecido. Ela também fala para ter cuidado com as ilusões causadas pela sua ansiedade , e para não se perder em falsas idéias. Encontre um propósito para sua vida. Esta carta também refere-se à relação que tem com você mesmo. Até agora você representou vários personagens, adequando-se a cada necessidade, no entanto, é hora de saber quais deles serviram para você, e descobrir que pode ser quem quiser. Será um momento confuso, pois entrará em contato com os caminhos desconhecidos e o seu inconsciente.


Estar no controle e saber o caminho a que seguir é a mensagem desta carta. A força de vontade aliada ao controle dos próprios defeitos fortalece a chegada da vitória. É hora de pôr em prática todas as suas experiências de vida. Foi um caminho árduo até esse estágio: muita luta e sonhos que acabaram em frustrações. Mas se esqueça dessa fase, apenas lembre-se de todas as lições que adquiriu, pois agora você conquistou todas as ferramentas para triunfar. Este momento requer ação e coragem - o que não faltarão a você. É momento de transpor os obstáculos que os estavam fazendo andar em círculos, e para isso terá que direcionar todas as suas forças. Com certeza terá sucesso.

Esta carta representa o Homem como um todo, com a total percepção de suas habilidades e fazendo uso das mesmas em prol de seus objetivos. É o momento para organizar e estruturar as bases de seus objetivos. Você tem que lutar para conquistar seu espaço, realizando com afinco as suas tarefas. Sendo assim, será também o seu momento para seguir rumo à liberdade, pois estará tendo domínio sobre sua própria vida com autonomia para decidir sobre ela. Você sabe dos seus potenciais e usa-os com determinação e segurança, e assim conquista seu espaço na sociedade e na estima das pessoas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes



"Não diga que terei que partir amanhã pois,
Mesmo hoje, eu ainda estou chegando
Olhe profundamente; chego a cada segundo
Para ser um broto num galho primaveril,
Para ser um pequeno pássaro, com asas ainda frágeis
Aprendendo a cantar em meu novo ninho,
Para ser uma larva no coração de uma flor,
Para ser uma jóia que se esconde numa pedra.

Ainda chego, para poder rir e chorar,
Para poder ter medo e esperança,
O ritmo do meu coração é o nascimento e a morte
De tudo o que está vivo.

Eu sou a efeméride se metamorfoseando sobre a superfície do rio
E eu sou o pássaro que, quando a primavera chega,
Chega em tempo para comer a efeméride.

Eu sou o sapo nadando feliz na água clara de um lago,
E eu sou a cobra do mato, que, aproximando-se em silêncio,
Se alimenta do sapo.

Sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
Minhas pernas tão finas como caniços de bambu,
E eu sou o mercador de armas, vendendo armas mortais a Uganda

Sou a menina de doze anos
Refugiada em um pequeno barco,
Que se joga ao oceano
Depois de ter sido estuprada pelo pirata do mar.
E sou o pirata,
Com meu coração ainda não capaz
De ver e amar.

Sou um membro do Politburo,
Cheio de poderes em minhas mãos.
E sou o homem que tem que pagar
Seu "débito de sangue" para meu povo
Morrendo lentamente em um campo de trabalhos forçados.

Meu prazer é como a primavera, tão quente que faz
As flores desabrocharem em todos os confins da vida.

Minha dor é como um rio de lágrimas,
Tão cheio que enche todos os quatro oceanos.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
De modo que eu possa ouvir todos os meus gritos e
Risos ao mesmo tempo,
De modo que eu possa ver que meu prazer e dor são um.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
De modo que eu possa despertar e de modo que
Possa ficar aberta a porta do meu coração,
A porta da compaixão."

-Thich Nhat Hanh

quarta-feira, 13 de julho de 2011

TODOS OS CAMINHOS LEVAM A DEUS ? SERÁ?



O homem moderno não tem tempo a perder. Tudo deve ser eficiente e rápido. As pessoas sentem que as vinte e quatro horas do dia não são suficientes para realizar tudo o que desejam.

A conseqüência dessa estressante corrida contra o tempo é uma preocupação crescente, quase obsessiva, com a eficiência, com formas de fazer com que as coisas possam ser realizadas mais rapidamente e com menos dispêndio de energia.

Para satisfazer esse anseio por uma gratificação instantânea aparece o produto instantâneo. Surgiram então o café, o chá, o leite em pó, o chocolate e toda uma extensa gama de produtos industrializados instantâneos visando acelerar o processo de preparação e consumo dos alimentos. Esses produtos tiveram aceitação imediata pelos modernos neuróticos que acreditam no lema introduzido pelos americanos: “time is money,” tempo é dinheiro.
Mas a tendência para agilizar, acelerar e tornar quase instantânea a gratificação do consumidor não ficou restrita aos produtos industrializados. Os serviços também entraram na onda da aceleração, capitaneados pela comida rápida (fast food) oferecida pelas cadeias de restaurantes, e seguida por um número crescente de serviços, incluindo os bancários e os meios de comunicação. Mais rápido, menos esforço, maior satisfação. Esse é o lema da vida moderna.
Não é de se estranhar que a pressão para a aceleração dos resultados tenha chegado também à vida espiritual. Um número crescente de instrutores e mensageiros estão oferecendo práticas espirituais que prometem acelerar o processo evolutivo, queimando etapas. Alguns gurus prometem aos seus seguidores que poderão alcançar a iluminação em pouco tempo, às vezes em até mesmo um fim de semana, seguindo suas instruções, simplificadas e adaptadas às demandas da nova era.
É nesse contexto que verificamos o aparecimento de uma literatura especial, atribuída a Mestres, que oferece novas instruções e regras especiais para o discípulo moderno. Com isso, o discipulado fica ao alcance de todos os interessados, sem os inconvenientes dos requisitos tradicionais de purificação e disciplina, que sempre demandaram total dedicação por longos anos. Milhares de pessoas em todo mundo passaram a se afiliar a esses novos grupos.
O processo de democratização, que inicialmente restringiu-se à universalização do voto, sendo mais tarde estendido para a universalização do ensino e das oportunidades profissionais para todos, estaria chegando agora ao último reduto tradicionalmente conservador, a vida espiritual.
Essa crescente hoste de entusiastas da nova espiritualidade, demonstra o mesmo entusiasmo e dedicação dos recém convertidos das religiões proféticas, e fala com otimismo sobre seu progresso espiritual e a perspectiva de talvez ascender nesta mesma vida.
Todos nós sabemos, por experiência própria, como é difícil encontrar todos os elementos e informações necessárias para fazermos as melhores escolhas em nossa vida, em todos os níveis, inclusive o espiritual. Essa dificuldade é especialmente crítica para aqueles que recém despertaram para a vida espiritual. Tudo é novidade!
O objetivo deste ensaio é examinar as implicações dessas promessas de aceleração do progresso espiritual, comparando as instruções da milenar Tradição do caminho do discipulado que leva a Iniciações progressivas, com as doutrinas e práticas apresentadas nas mensagens atribuídas aos Mestres.
CONHECIMENTO DOS MESTRES
Até meados do século XIX muito pouco era conhecido no Ocidente sobre os Grandes Seres, chamados no Oriente de Mahatmas, ou Mestres de Sabedoria. No Oriente, principalmente na Índia, os Mestres já eram conhecidos há milênios nos meios dos devotos e iogues. No Ocidente, no entanto, somente os discípulos aceitos (uma diminuta parcela da população) conheciam seus Mestres, guardando essa informação de forma reservada, por respeito a esses Seres e para a proteção deles.
Sem essa disciplina e reorientação de vida, seria impossível para ele passar nos duros testes a que todos os discípulos são submetidos. Noutra ocasião, explicando a natureza do treinamento dos discípulos e como eles deviam arcar com as conseqüências de seu proceder, disse: “Não guiamos nunca nossos irmãos (mesmo os mais avançados) nem os advertimos previamente, deixando que os efeitos produzidos pelas causas que eles próprios criaram, lhes ensinem pela melhor experiência.” Ao solicitar uma comunicação direta com o Mestre sem comprometer-se a nenhuma mudança em sua vida, recebeu como resposta: “Aquele que quiser erguer alto a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está próximo tem que dar o exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a mudar os seus próprios modos de vida.”
Porém, devemos nos lembrar que o objetivo da vida espiritual é o conhecimento da verdade, objetivo esse indicado pelo Mestre Jesus quando nos disse: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Mas não é só isso. Apesar do teor adocicado das mensagens em pauta, elas trazem em seu bojo três grandes perigos de distorção: sobre a maneira como os Mestres atuam no mundo, a natureza do progresso espiritual dos discípulos e alguns aspectos da vida oculta.

RELACIONAMENTO ENTRE MESTRE E DISCÍPULO
Em primeiro lugar, a atribuição dessas mensagens aos Mestres cria uma idéia errônea sobre o método de operação dos Mestres no mundo. Provavelmente ainda são válidas as palavras do Mestre K.H. enviadas a Sinnett e aos teosofistas europeus no século XIX: “Nenhum de vocês jamais conseguiu formar uma idéia acurada dos ‘Mestres’ ou das leis do Esoterismo pelas quais eles são guiados.”
Os Mestres sempre indicaram que sua latitude para ação no mundo material é consideravelmente limitada e que agem, via de regra, por meio de seus discípulos no mundo e não por meio de comunicações bombásticas ou de fenômenos paranormais, geralmente chamados de milagres.
Isso ficou claro no caso clássico de Sinnett que, ao longo de sua extensa correspondência, instou os Mestres a demonstrarem cabalmente ao mundo sua existência por meio de algum fenômeno incontestável, como a materialização de um exemplar do jornal The Pioneer em Londres, no mesmo dia de sua publicação na Índia, e do Times em Simla, na Índia, no mesmo dia de sua publicação em Londres. Em virtude dos meios de transporte da época, a realização desse feito seria um verdadeiro “milagre.”
O Mestre K.H. pacientemente explicou a Sinnett: “Justamente porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos, ele é impensável... A verdade é que nós trabalhamos usando leis e meios naturais e não sobrenaturais... Você diz que metade de Londres seria convertida se você pudesse entregar ao público de lá o jornal Pioneer no mesmo dia da sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas acreditassem que a coisa era verdadeira, elas o matariam antes que pudesse dar uma volta no Hyde Park, e se elas não acreditassem, o mínimo que poderia acontecer seria a perda da sua reputação e de seu bom nome, por propagar tais idéias.”
O Mestre continuou a carta por várias páginas, apresentando seus argumentos com extrema sabedoria e lucidez, provando a Sinnett que a experiência milenar da Fraternidade comprova que a humanidade sempre resiste aos fenômenos que não consegue explicar, endeusando ou matando aqueles que os apresentam.
Os Mestres, portanto, agem no mundo através de seus discípulos. Projetos, mensagens ou ações que desejam realizar para a humanidade são efetuados por seus colaboradores no mundo material, sendo atribuídos a esses colaboradores.
Esse é um ponto básico, como podemos verificar com obras ‘inspiradas’, que são sempre publicadas em nome do discípulo. O Mestre solicita ou inspira seu discípulo a agir da forma desejada. Mas, deve ficar claro aqui, que o Mestre quando muito solicita, sem jamais atropelar ou forçar o livre arbítrio do ser humano.
Os irmãos das trevas agem de forma diferente, manipulando, hipnotizando ou forçando as pessoas, de uma forma ou outra, sem respeitar sua vontade própria. Para os agentes das trevas os fins justificam os meios, para os Seres de Luz isso seria inadmissível.
Isso nos remete à questão da preparação dos discípulos. Um discípulo é um Mestre em preparação. Está sendo habilmente conduzido a trilhar o caminho da perfeição, como indicou Mestre Jesus, o Cristo:
“Sede vós perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5:48).
Por isso, um dos objetivos do treinamento é tornar o discípulo cada vez mais auto-suficiente, capaz de trilhar o Caminho com suas próprias pernas e sem ajuda externa. Tanto é assim, que geralmente os Mestres só aceitam como discípulos aqueles aspirantes que já fizeram contato com seu mestre interior, ou seja, sua alma. É por essa razão que a credibilidade e total confiança nas comunicações atribuídas aos Mestres oferece um grande risco, ou seja, de tornar o aspirante dependente das comunicações externas, de guias, rituais e práticas exteriores. Retornaremos a este ponto mais adiante.
Não queremos dizer com isto que nenhuma comunicação é feita a aspirantes e discípulos no mundo. Certamente que não. Mas os Mestres comunicam-se com freqüência com seus discípulos. Os discípulos mais avançados são treinados nesta forma de comunicação, podendo utilizá-la com seus instrutores e outros discípulos avançados.
Mas os discípulos mais jovens, ainda incapazes de uma comunicação direta com seus instrutores, também têm a oportunidade de contatos com os Mestres. Existem, em diversos países, vários grupos fechados em comunicação com os Grandes Instrutores, geralmente voltados para o treinamento de seus membros e a preparação de certas ações no mundo. Os membros desses grupos são escolhidos por sua comprovada dedicação à causa do bem da humanidade. Para serem aceitos, fazem um voto de segredo sobre suas atividades. Essa é a razão destes grupos raramente serem conhecidos do público.
Mas os outros aspirantes? Este é um ponto delicado que inicialmente causa frustração aos que procuram seguir o caminho. Para que possamos entender melhor essa questão devemos levar em consideração o papel dos Mestres em relação à humanidade. Sabemos que os Mestres são seres que por suas realizações mereceram estar, naquele estado de bem-aventurança divina absolutamente incompreensível a nós seres humanos. No entanto, movidos por uma profunda compaixão, optaram por permanecer na esfera terrena, até que o ser humano fosse liberto do sofrimento, ajudando neste processo, sempre e em todos os casos de acordo com as leis universais e do livre arbítrio.
Dentro desses parâmetros, e levando em conta a experiência dos membros da Fraternidade, acumulada ao longo de incontáveis milênios de atuação no mundo, os Mestres sabem exatamente o que pode ser feito e o que deve ser feito para ajudar cada indivíduo no seu estágio atual de evolução. Jamais agem baseados em personalismos e preferências, mas sempre de acordo com os méritos das pessoas, de suas condições e das oportunidades para estender o maior benefício ao maior número possível de pessoas, por meio das ações a serem realizadas por seus colaboradores no mundo.
Quando estudamos o maravilhoso trabalho dos Mestres, podemos imaginar que o mundo seria totalmente diferente se uma grande parte da humanidade conhecesse esses Grandes Seres. Isso nos levaria a pensar que um movimento de conscientização popular do trabalho dos Mestres poderia ser um grande facilitador para a evolução. Somos informados, porém, que justamente o contrário é verdadeiro. A última comunicação pelo Mestre K.H, em 1900, a Annie Besant, urgia ação muito específica a esse respeito: “Muito poucos são aqueles que podem saber qualquer coisa a nosso respeito... O falatório acerca dos ‘Mestres’ deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Que a devoção e o serviço sejam somente para aquele Supremo Espírito, do qual cada um é uma parte. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós mesmos e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho.” 
A INSPIRAÇÃO DE COLABORADORES
Quando as condições dos aspirantes não permitem um contato direto, os Mestres “inspiram” e ajudam de forma indireta aqueles que se oferecem para servir. Por exemplo, aqueles que estão atuando na comunicação das verdades espirituais, são seguidamente ajudados com idéias, conceitos, argumentos e fatos que simplesmente aparecem em sua mente. Como o plano mental está repleto de formas pensamentos um Mestre pode facilmente direcionar uma forma pensamento poderosa com as idéias ou conceitos que poderão ajudar naquele momento seu colaborador no plano terreno. O aspirante terá sempre a possibilidade de usar seu discernimento para decidir se adota a idéia ou não. Todos os escritores e oradores sabem, por experiência própria, que quando engajados num projeto altruísta ou que pode trazer benefícios à sociedade, seguidamente as idéias aparecem como se caíssem do céu.
Além disso, o que Jung chamou de sincronicidade começa a ocorrer. O indivíduo entra numa livraria e encontra um livro versando exatamente sobre o tema que estava pesquisando. Às vezes a “coincidência” é tal que, ao folhear o livro, abre exatamente na página tratando do assunto de seu interesse imediato.
Deve ficar claro, porém, que nem todas as “inspirações” têm sua origem nos Mestres. Provavelmente a principal fonte de inspiração é o próprio mestre interior, ou seja, o Eu Superior. Na verdade, nossa natureza superior é a expressão de Deus em nós, conhecida nos meios como EU SOU, e referida pelos teólogos como a natureza imanente de Deus. Portanto, o Eu Superior é sempre imensamente mais sábio do que nossa personalidade e, ademais, tem acesso à Mente Divina, chamada muito apropriadamente por Jung de inconsciente coletivo. Por isso, quando estamos devidamente concentrados, podemos entrar em contato com nosso Eu Superior, ainda que não tenhamos consciência disso.
Outra fonte possível de inspiração são os anjos. Os que desenvolveram a visão espiritual e são capazes de perceber a atividade dos seres normalmente invisíveis aos nossos órgãos de percepção externos, sabem que os anjos estão sempre buscando oportunidades para cooperar com o bem estar e o progresso da humanidade.
Em contraste com os seres humanos, em nosso atual estágio evolutivo, que estão sempre procurando tirar proveito próprio de todas as situações, é da natureza dos seres angélicos servir e agir de forma altruísta. Sendo inteiramente desprovidos de ego, não podem agir de forma egoísta Portanto, os anjos do plano mental seguidamente direcionam idéias e pensamentos apropriados para as pessoas que estão engajadas na busca da verdade e, principalmente, para aqueles que estão trabalhando em obras que podem contribuir para a evolução da humanidade. 
MÉTODOS DE COMUNICAÇÃO
Convém esclarecer os métodos conhecidos pelos quais os Mestres capacitam seus discípulos a transmitir informações e ensinamentos ao mundo. A tradição esotérica indica que os Mestres geralmente usam dois métodos para transmitir informações que gostariam de divulgar à humanidade. No caso de uma obra que no atual estágio evolutivo da humanidade pode agora ser divulgada, mas que deve ser transmitida absolutamente sem erros, geralmente “imprimem” o texto na mente do discípulo para que esse, por sua vez, possa escrevê-lo de forma correta.
O outro método, geralmente usado com discípulos mais avançados, é a transmissão de informações, conceitos e idéias, deixando por conta do discípulo a formulação do texto final de acordo com seus dons intelectuais e literários. Essas transmissões geralmente ocorrem no plano mental abstrato ou no intuitivo. Lembramos que nos planos superiores, as comunicações não são realizadas por palavras, como em nosso mundo. Os conceitos são expressos de uma forma simbólica sintética, e devem ser “decodificados” ou “traduzidos” em palavras, pela mente concreta, para serem inteligíveis em nosso plano.
Um exemplo clássico das comunicações por meio de discípulos avançados é o conhecido trabalho de Blavatsky A Doutrina Secreta. Ela era capaz de recolher informações dos registros e receber comunicações de diferentes Mestres colaborando na obra.
Porém, a tarefa nem sempre era meramente a de receber um ditado, mas sim a de compor, com suas próprias palavras o texto a ser produzido. A Condessa de Wachtmeister, sua companheira constante durante o período em que escreveu A Doutrina Secreta, relata que, um dia: “... ao entrar no gabinete de Blavatsky, encontrei o chão coberto de folhas manuscritas. Perguntei a razão desse aspecto de confusão e ela respondeu: Sim, tentei doze vezes escrever esta página corretamente e toda vez o Mestre diz que está errado. Acho que vou ficar louca, escrevendo-a tantas vezes; mas deixe-me sozinha; não descansarei enquanto não o conseguir, ainda que tenha de ficar aqui a noite toda. Uma hora mais tarde ouvi sua voz me chamando e, ao entrar, verifiquei que havia, finalmente, concluído o trecho e de maneira satisfatória.” 
COMUNICAÇÕES ATRIBUÍDAS AOS MESTRES
A principal consideração que nos levou a alertar os estudantes de esoterismo para o perigo dessas comunicações, apesar de seu caráter aparentemente beneficente, é o fato delas conterem muitas distorções e, até mesmo, erros factuais e conceituais.
Isso sugere que a grande maioria, se não a quase totalidade dessas mensagens provavelmente não é de autoria dos Mestres.
Numa de suas comunicações, K.H. disse a Sinnett que não era possível a comunicação com ele por meio de médiuns.
“Você quer saber por que é considerado extremamente difícil, se não completamente impossível para os Espíritos purosdesencarnados se comunicarem com os homens através de médiuns ou Fantasmasofia. Eu digo que é: (a) devido às atmosferas antagônicas que envolvem respectivamente esses mundos; por causa da diferença extrema que há entre as condições fisiológicas e espirituais; e  porque essa cadeia de mundos sobre a qual falei a você não é somente um epiciclóide, mas uma órbita elíptica de existências, tendo como toda elipse não um, mas dois pontos, dois focos, que nunca podem se aproximar um do outro. O homem está em um dos focos, e o Espírito puro no outro.”
Em outras palavras, as entidades do astral não são confiáveis como instrutores. Com exceção dos seres conhecidos  que atuam no plano astral para o benefício daqueles que estão de passagem por aquele plano ou podem receber comunicações astrais, a grande maioria dos habitantes do astral que enviam mensagens para pessoas encarnadas por intermédio de médiuns, já perderam seus princípios superiores e estão em processo de decomposição.
No entanto, devido às características especiais daquele plano, essas entidades, melhor conhecidas como cascões, ou cadáveres astrais, retêm parte de sua memória passada e podem, além disso, entrar em sintonia com as emoções e pensamentos das pessoas envolvidas na sessão mediúnica. Por essa razão podem enviar mensagens baseadas no que restou de sua memória do passado bem como no conhecimento atual dos encarnados que participam da sessão. Por isso, as mensagens tendem a refletir a expectativa dos recipiendários, sendo geralmente aceitas, apesar de não acrescentarem nada de novo em termos de ensinamentos.
O Mestre K.H., respondendo a uma pergunta de Sinnett, que sempre mostrou grande interesse pelos processos mediúnicos, alertou:
“Naquele mundo o astral, meu bom amigo, nós só encontramos máquinas ex-humanas, inconscientes e autômatas; almas em estado de transição, cujas faculdades e individualidades adormecidas estão como uma borboleta em sua crisálida; e os Espíritas esperam que elas falem com sensatez! Colhidas em certas ocasiões pelo vórtice da corrente anormal “mediúnica,”elas se tornam ecos inconscientes de pensamentos e idéias cristalizadas em volta dos que estão presentes.”
Em inúmeras ocasiões os Mestres alertaram seus correspondentes sobre os perigos das comunicações mediúnicas em geral, e da virtual impossibilidade deste meio ser utilizado pelos Adeptos para suas comunicações com seus colaboradores. Porém, deixaram claro que muitas comunicações espúrias do astral seriam atribuídas a eles. “Pode ocorrer que em função de objetivos próprios nossos, médiuns e seus fantasmas sejam deixados à vontade e livres não só para personificar os “Irmãos”, mas até mesmo para forjar nossa letra manuscrita.”
Esse ponto deve ser levado em consideração nas mensagens atribuídas aos Mestres. Todos os grandes reformadores espirituais alertam para esse fato. Mestre Jesus, o Cristo, por exemplo, disse:
Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes” (Mt 7:15).
Clara Codd, uma profunda estudiosa do esoterismo, escrevendo em meados do século XX sobre comunicações mediúnicas, diz: “Este é um assunto importante a ser pensado nestes dias quando tantos médiuns e clarividentes estão transmitindo mensagens e diretrizes em nome de muitos membros da comunidade dos Adeptos. É realmente extraordinário o rápido crescimento de tais ilusões. No curso de minhas viagens tenho pessoalmente encontrado muitos dos assim chamados adeptos, iniciados, muitos dos quais declarando-se adeptos de alto grau.”
Os sensitivos também estão sujeitos a enganos em suas visões. “Há muitos clarividentes sinceros mas não treinados, que transmitem mensagens e ensinamentos supostamente vindos dos Mestres de Sabedoria.
Uma sensitiva nata na África do Sul, e que, ao mesmo tempo, é dotada de considerável força de caráter e bom-senso, disse várias vezes ter, em sua própria experiência, descoberto que quase todas as aparições astrais são ‘mentirosas’.
O plano astral é o que H.P.B. chama ‘o mundo da grande ilusão.” Para que o sensitivo possa ‘ver’ sem distorções no plano astral deve submeter-se a um treinamento rigoroso. Comentando a respeito das visões enganosas que podem ser observadas no astral, o Mestre K.H:
“Há aqueles que são voluntariamente cegos e outros o são involuntariamente. Os médiuns pertencem aos primeiros, os sensitivos aos últimos. A menos que tenham sido adequadamente iniciados e treinados, no que se refere à visão espiritual das coisas e às supostas revelações feitas à humanidade em todas as épocas, desde Sócrates até Swedenborg e ‘Fern’ nenhum vidente ou clariaudiente treinado por si mesmo viu ou ouviu alguma vez com completa exatidão.”
Examinemos, agora, algumas das distorções e erros apresentados em certas comunicações atribuídas aos Mestres. Uma das mais citadas e que provocou considerável impacto nos meios esotéricos foram as obras de Alice A. Bailey.
Ao longo de quase trinta anos (1922 a 1949), Alice Bailey produziu 24 obras, sendo 18 delas atribuídas a uma entidade, por muito tempo referida simplesmente como “O Tibetano.”
Alice Bailey tinha uma mente brilhante e, com sua dedicação ao estudo, destacou-se rapidamente nos meios teosóficos, chegando a atuar como coordenadora da sessão esotérica da Sociedade Teosófica nos Estados Unidos. Acabou deixando a S.T. para fundar sua Escola Arcana, que ministrava por correspondência ensinamentos esotéricos, baseados nas instruções atribuídas ao Tibetano.
Suas obras, escritas num estilo literário um tanto convoluto, que tornava os assuntos tratados muito mais complicados e aparentemente mais profundos, exerceram grande influência nos meios esotéricos, sendo muito citadas. Com a repetição das citações as informações apresentadas em suas obras foram adquirindo uma aura de respeitabilidade inquestionável. Os estudantes de esoterismo que são submetidos a esse bombardeio de informações de fontes aparentemente fidedignas, depois de certo tempo, têm dificuldade para separar o joio do trigo.
Ao perceber intuitivamente que Alice Bailey seguiu os passos de muitos outros aspirantes e até mesmo discípulos que, devido a sua dedicação e desejo de servir, são inicialmente inspirados pelo alto. No entanto, quando seu ego, ou seus preconceitos, interfere com seu trabalho espiritual no mundo, a inspiração é retirada e essas pessoas continuam sua jornada acreditando que são portadoras da luz, mesmo quando, na realidade, tenham se tornado disseminadores de ilusões e meias-verdades.
No caso de Bailey, ao que parece, essa inspiração inicial lhe teria sido retirada pelo fato de usar seus livros, palestras e atividades da Escola Arcana para propagar suas idéias e preconceitos religiosos adquiridos na infância e durante os anos em que trabalhou como evangelizadora da Igreja Anglicana na Inglaterra, Irlanda e Índia.
Bailey acreditava literalmente no retorno de Cristo para o estabelecimento de Seu Reino na Terra por mil anos. Esse parece ter sido o principal ponto para a ruptura de seu contato interior, a insistência, em seus livros e palestras, de que toda a Hierarquia estava engajada no trabalho de preparação para o “iminente retorno do Cristo.”
Apesar de mais de oitenta anos terem se passado desde que começou a pregar sobre o “iminente” retorno, a chegada de Cristo em nosso sofrido planeta ainda é uma promessa a ser cumprida, pelo menos no sentido em que sempre foi entendida pelos fundamentalistas, ou seja, em forma corpórea e com toda Sua glória externa. Com a retirada da inspiração do “Tibetano”, depois de seus primeiros livros, não se sabe o que apareceu para ocupar o vazio criado na comunicação psíquica de Alice Bailey, mas seus livros subseqüentes indicam uma mudança de estilo e passaram a apresentar cada vez mais detalhes curiosos sobre a vida esotérica e o trabalho da Hierarquia. 
OS MESTRES “ASCENSOS”
A partir da década de trinta, do século XX, começou a aparecer um tipo especial de "comunicação canalizada", dessa vez referindo-se aos Mestres “Ascensos”. Ao que tudo indica, essas comunicações começaram com as mensagens transmitidas por intermédio de Guy Ballard. A partir de então suas experiências foram relatadas em diversos livros, como: Mistérios Desvelados, A Presença Mágica, Os Discursos EU SOU, Instruções de um Mestre Ascenso e O Amado Saint Germain Fala.
O trabalho de Ballard parece ter aberto a caixa de Pandora de onde saíram uma infinidade de outras comunicações atribuídas aos Mestres Ascensos. Uma busca na internet revelará a variedade de materiais existentes sobre esse assunto. Essas comunicações foram “canalizadas” não só por sensitivos americanos, mas também de outros países, inclusive do Brasil. Seria impossível, dentro do escopo deste ensaio, tentar apresentar algo do trabalho de todos esses sensitivos ou mesmo dos mais representativos. Procuraremos, no entanto, apresentar as linhas gerais dos ensinamentos transmitidos por esses diferentes canais, pois guardam considerável semelhança.
Vale mencionar que, após as comunicações de Ballard, talvez os movimentos com maior repercussão tenham sido a Ponte para a Liberdade e, mais recentemente, a Summit Lighthouse (Farol do Cume), ambos fundados nos Estados Unidos, passando a atuar em vários países, inclusive no Brasil. Parte das informações sobre esses grupos apresentadas a seguir, em forma resumida, foi retirada de folhetos, páginas da Internet e livros da Summit Lighthouse do Brasil.
Em primeiro lugar, o que é um Mestre Ascenso? Um Mestre Ascenso seria um iniciado que alcançou a Sexta Iniciação que, para esses grupos, é tida como a Iniciação equivalente na tradição cristã à Ascensão de Cristo aos Céus para ficar à direita do Pai, daí a referência a “Mestre Ascenso.”
De acordo com essa linha, a Primeira Iniciação seria simbolizada pelo Nascimento do Cristo, a Segunda pelo Seu Batismo, a Terceira pela Transfiguração, a Quarta pela Crucificação, a Quinta pela Ressurreição e a Sexta pela Ascensão. Parece ter havido uma certa confusão nesta codificação das iniciações.
Até a Terceira, as Iniciações como simbolizadas pela vida de Cristo conferem com a visão de outros autores. As diferenças aparecem a partir da Quarta Iniciação, já que os eventos da Crucificação e da Ressurreição que, para a linha dos Mestres Ascensos, constituiriam iniciações separadas, sempre foram considerados pelos estudiosos do Cristianismo Esotérico como dois aspectos da mesma iniciação. “Na simbologia cristã a Quarta Iniciação está representada pelas angústias sofridas no horto de Gethsêmane, a crucificação e ressurreição de Cristo.”
A crucificação e a ressurreição representariam, assim, os dois lados da mesma moeda, ou seja, a morte do homem velho e o nascimento do homem novo de que fala Paulo. A tradição dos Mistérios egípcios descrevia essa Iniciação ocorrendo numa cripta. Nela, o candidato era atado sobre uma cruz de madeira, induzido a um transe profundo, equivalente à morte, descendo então aos mundos inferiores em seus corpos sutis e em seguida aos mundos superiores onde era instruído e Iniciado, para finalmente ser desperto, ou “ressuscitado” pelo Hierofante no terceiro dia.
A Quinta Iniciação, de acordo com a tradição esotérica, constituiria a última iniciação do ciclo humano. A partir de então, os Adeptos passam a trilhar uma nova Senda, incompreensível para a nossa experiência humana.
“O Adepto realizou o propósito através daquilo que o fez homem, e assim dá agora o passo final que o torna Super-homem, pois ele nada mais tem a aprender e exauriu as possibilidades do reino humano da natureza...
No simbolismo cristão, a Quinta Iniciação é representada pela Ascensão de Cristo e a vinda do Espírito Santo em línguas de fogo, que corresponde à entrada no Adeptado, porque o Adepto ascende a uma esfera superior à humanidade e muito além da terra.”
Em primeiro lugar, os “seguidores dos Mestres Ascensos” enfatizam práticas exteriores em detrimento da interiorização. Para entendermos o perigo dessa distorção devemos recordar que os dois esteios da vida espiritual são a autotransformação e a sintonia crescente com Deus. Para isso é indispensável a introspecção, ou seja, a mudança de foco do exterior para o interior. A auto-análise e a meditação são as práticas mais usadas para esses fins. Os seguidores dos Mestres Ascensos, no entanto, devotam horas às práticas externas sobrando pouco tempo, entusiasmo e convicção para as práticas internas, principalmente a meditação.
Considerações sobre o caminho iniciático, indica que um dos três obstáculos para a Segunda Iniciação é a superstição, que “inclui todas as espécies de crenças irracionais e errôneas, entre elas a de que os ritos e cerimônias externas são necessários para a purificação do coração.
O Iniciado verifica que todos os métodos que nos são oferecidos pelas grandes religiões, tais como orações, sacramentos, peregrinações, jejuns e a observância de múltiplos ritos e cerimônias, não passam de meios auxiliares, e o homem prudente adotará disso o que ele achar útil para si, porém jamais considerará qualquer deles como suficiente para alcançar a salvação. Ele sabe definitivamente que tem de buscar a libertação em seu interior.”
A Ciência da Palavra Falada é a principal prática espiritual dos seguidores desse movimento. Realmente o Som, também referido como o Verbo, o Logos e a Palavra, é a energia mais poderosa do Universo. No entanto, o Som primordial, que deu início à manifestação do Universo, não pode ser tomado como uma palavra pronunciada por Deus, no sentido em que nós humanos a utilizamos no plano físico.
Na realidade, Deus não é uma pessoa física com boca e cordas vocais que pronuncia essa ou aquela palavra. Algo simbólico está sendo comunicado a nós seres humanos, incapazes que somos de alcançar com nossa limitada mente concreta o que ocorreu no Imanifestado ao iniciar o processo de manifestação. Naquele momento, a ordem divina “reverberou” numa dimensão do espaço inteiramente diferente do nosso mundo, fazendo com que a vibração repercutisse de uma forma tal, que nós só poderíamos concebê-la, em termos de nossa experiência, chamando-a de Palavra de Deus.
Reiteramos que quando tomamos as passagens da Bíblia em seu sentido literal estamos sujeitos a tirar conclusões inteiramente errôneas. Todas as escrituras sagradas são coletâneas de ensinamentos profundos velados pela linguagem da alegoria e do símbolo.
Os sábios da antiguidade, por meio de incansáveis experiências, conseguiram identificar a combinação de certos sons, ou mantras, que podiam ser usados para fins determinados. Os iogues da Índia, e os teurgos e magos de todas as tradições, sempre usaram mantras em seus rituais e práticas espirituais. A repetição de um mantra, como o AUM, com a devida pronúncia e ritmo, é de grande ajuda na purificação dos veículos inferiores do praticante, na sua preparação para a almejada expansão de consciência.
Esse conhecimento milenar não é devidamente considerado, sendo até mesmo sutilmente distorcido na literatura em pauta.“Vários sistemas de meditação ióguica oferecem métodos para acalmar a mente do homem e produzir uma maior sintonia com o Divino. Alguns desses métodos tornaram-se arriscados quando aplicados pelo homem ocidental, pois exigem do praticante uma grande disciplina mental e espiritual. Os decretos, por outro lado, são relativamente simples de dominar uma vez compreendidos os princípios básicos, e muito mais eficazes.”
Os métodos ióguicos “arriscados” são aqueles que envolvem a movimentação de energias, como o pranayamao laya ioga, o kundalini ioga e o tantra ioga.
No entanto, os mantenedores da sabedoria milenar, conhecendo esses perigos, estabeleceram a tradição de só transmitir a totalidade da prática por meio de um guru devidamente capacitado, que acompanha os primeiros exercícios de seu discípulo para assegurar que eles sejam realizados de forma correta e em segurança. Ainda que alguns livros pareçam ensinar algumas dessas práticas, ficam faltando sempre alguns passos fundamentais que só são transmitidos de boca a ouvido.
Também não nos parece correta a afirmação de que o ‘decreto’ seja a forma mais elevada de comunicação com Deus, como sugerido na seguinte passagem: “Essa ciência milenar, a Ciência da Palavra Falada combina oração, meditação e visualização com decretos poderosos e é um avanço em relação a todas as formas de oração usadas no Oriente e no Ocidente.”
Os verdadeiros iogues e os místicos de todas as tradições sabem, por experiência própria, que justamente o oposto é correto. A oração falada sempre foi considerada a mais simples de todas as preces. A mais poderosa é a oração do silêncio, ou contemplação, em que o silêncio se estende até mesmo à mente. Os místicos conseguem por meio da contemplação alcançar a união com O Bem Amado, como descrito na obra clássica Castelo Interior ou Moradas, de Teresa de Ávila.
Esse também é o propósito central do ioga, a aquietação dos processos mentais, descrita na celebrada obra Ioga Sutras de Patanjali, para que o iogue alcance o samadhi, ou união com Atma. “Deus é silêncio em vez de discurso. A coisa mais bela que o homem pode dizer de Deus é que, conhecendo Suas riquezas interiores ele torna-se silencioso. Portanto, não seja tagarela com Deus.”
Muitos cristãos surpreendem-se ao saber que a “oração do silêncio” foi ensinada pelo Mestre Jesus, o Cristo, há dois mil anos, como atesta a passagem:
“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6:6).
Como a linguagem da Bíblia é simbólica, a seguinte interpretação é sugerida: entrar em nosso quarto, significa entrar em consciência na câmara secreta do coração. Fechar a porta significa desligar-se dos ruídos do mundo e da mente. Orar ao Pai que lá se encontra, significa nos sintonizarmos com a Presença de EU SOU em nosso coração. Orar em segredo, significa aquietar a mente e permitir que no silêncio que se segue, possamos ouvir a Deus, e não nossas próprias palavras e pensamentos. Finalmente, a recompensa prometida, é sermos admitidos à Sua Presença.
Quanto à prática de repetição de decretos em voz alta, talvez outra orientação do Mestre Jesus, o Cristo apresentada no Sermão da Montanha seja pertinente:
“Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes” (Mt 6:7-8).
Isto não quer dizer que a prática de Decretos não tenha um certo poder espiritual. Tão importante, senão mais importante do que a forma exterior de devoção, é a intenção do coração. Krishna (simbolizando a Deidade Suprema no coração de cada homem) ensinou a Arjuna (o discípulo devotado):
“Ainda que os homens adorem vários deuses e várias imagens, e tenham diferentes concepções da deidade adorada, e até pareçam as suas idéias serem contraditórias entre si, toda a sua fé se inspira em mim. A sua fé em seus deuses e imagens não é senão o alvorecer da fé em Mim; adorando essas formas e concepções, eles querem adorar a Mim, sem o saberem. Eu aceito e recompenso essa fé e adoração, uma vez que seja honesta e conscienciosa.”
O aspirante deve se concentrar na autotransformação e em dar o passo seguinte na Senda, e não em gastar o precioso tempo que a Providência Divina lhe concedeu em especulações sobre a vida dos Grandes Seres. Vale a pena lembrarmos mais uma vez a recomendação do Mestre K.H:
“O falatório acerca dos ‘Mestres’ deve ser silenciosa mas firmemente eliminado. Nós trabalhamos anônima e silenciosamente, e a contínua referência a nós e a repetição de nossos nomes gera uma aura confusa que atrapalha nosso trabalho.”
Talvez seja pertinente, porém, algumas observações sobre alguns membros da Hierarquia mencionados na literatura dos Mestres Ascensos.
A outra prática central atribuída aos Mestres Ascensos é a transmutação do carma.
O carma sendo a lei fundamental e inexorável da operação da manifestação do universo não está sujeito a “deliberações” de um conselho. Tampouco os Mestres agem como políticos demagogos falando de forma emotiva, visando o impacto popular, propondo modificar uma lei irrevogável “advogando, como defensores da humanidade, a causa da liberdade.”
A transmutação, porém, é uma realidade conhecida da alquimia. No entanto, existe uma grande diferença entre transmutar as negatividades de um indivíduo e transmutar seu carma. Quando falamos de transmutar negatividades, estamos nos referindo às tendências da natureza inferior da pessoa. Essas tendências, são os tiranos que escravizam os homens numa roda viva de repetições de atos, palavras e pensamentos negativos, que necessariamente resultam em sofrimento.
Mas transmutação de carma é outro departamento. O carma é uma das leis fundamentais do universo e, como tal, é imutável.
Consideremos, por exemplo, outra lei do universo, a da gravitação. O que iria ocorrer se um Grande Ser decidisse alterar um pouco a gravitação do planeta Terra, para que ele ficasse mais perto do Astro Rei, o Sol? Ou ainda acelerar ou retardar um pouco a rotação da Terra ao redor de seu eixo? Por pequena que fosse a alteração, o resultado seria uma catástrofe indescritível. Uma lei divina universal é, por definição, tautologicamente, universal e eterna. Não pode ser alterada.
“Fé verdadeira e invariável na Lei do Carma, independentemente da intervenção de qualquer poder da Natureza, uma lei cujo curso não deve ser obstruído por qualquer ação, nem se deve tentar desviar por prece ou cerimônias exotéricas propiciatórias.”
O direito abstrato e a justiça prática absoluta para todos.” “Não podemos alterar o Carma, meu ‘bom amigo’, de outro modo nós dissiparíamos a nuvem atual que há sobre seu caminho. Mas fazemos tudo o que é possível nestas questões materiais.”
“A vida e a luta pelo Adeptado seriam muito fáceis, se tivéssemos sempre varredores atrás de nós a limpar os efeitos por nós gerados em nossa inconsideração e presunção.”
“Tendes especialmente de conservar em mente que a mais leve causa produzida, embora inconscientemente, e seja qual for seu motivo, não pode ser desfeita nem os efeitos detidos em seu progresso, nem mesmo por um milhão de Deuses, demônios e homens combinados.” Podemos em sã consciência imaginar que os sábios, tendo afirmado de forma tão contundente a imutabilidade do carma, iriam mudar de idéia alguns anos mais tarde e passar a ‘varrer atrás de seus devotos os efeitos gerados por seu carma’?, ou transmutar as causas produzidas e seus efeitos, que ‘nem mesmo um milhão de Deuses, demônios e homens combinados podiam desfazer’?
Mestre Jesus, o Cristo também pregou a imutabilidade do carma. Algumas passagens da Bíblia atestam esse fato, na linguagem simbólica que lhe é usual:
“Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei (do carma), sem que tudo seja realizado” (Mt 5:18).
“Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz, ao oficial de justiça, e, assim, sejas lançado na prisão".
Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo” (Mt 5:25-26).
“Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a lei e os (ensinamentos dos) profetas” (Mt 7:12).
Paulo também reiterou esse ponto fundamental da vida espiritual em várias passagens, sendo a mais direta:
“Não vos iludais: de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá” (Gl 6:7).
A imutabilidade do carma coloca em cheque todas as reivindicações de práticas que prometem a transmutação parcial ou total do carma.
A repetição de decretos e o processo de cura enquadram-se nessa categoria. Tudo leva a crer que Magnified Healing poderia ser considerado um “super-Reiki” ou “Reiki magnificado.” Essa hipótese ganha força quando verificamos que as duas americanas disseminadoras originais do processo já eram mestras de Reiki por muitos anos. Ainda que Magnified Healing seja comprovadamente uma poderosa energia de cura, atuando sobre os corpos sutis do ser humano, as considerações expostas acima, sobre a imutabilidade do carma como uma lei universal, põem em questionamento a reivindicação de que a dimensão espiritual dessa energia também poderia transmutar o carma do “paciente.” É interessante notar que a aplicação dessa energia, dispensada pelo ‘Deus Supremo do Universo,’ pode ser cobrada dos “pacientes,” em contraste com a antiga lei oculta de que as energias espirituais não podem ser objeto de comercio.
Voltando ao carma, a Lei divina estabelece que a semeadura é opcional, mas a colheita é obrigatória. Toda e qualquer ação, palavra e pensamento de um indivíduo cria como que ondas no mar da substância universal que inexoravelmente retornarão a ele. “Mas como cada perturbação se inicia de algum ponto específico, é evidente que o equilíbrio e a harmonia podem somente ser restaurados pela reconvergência para aquele mesmo ponto de todas as forças que a partir dele foram postas em movimento.
E aqui temos a prova de que as conseqüências dos atos de um homem, de seus pensamentos, etc., precisam necessariamente agir sobre ele mesmo com a mesma força com que foram postas em movimento.” Mesmo os iniciados estão sujeitos à Lei..
A milenar tradição esotérica postula que, para receber a Quarta Iniciação, o Iniciado tem que quitar todo seu carma pendente. Essa é a razão porque alguns neófitos estranham o fato de certos "santos" e notórios servidores da humanidade, que ao longo da vida mostraram desprendimento, sabedoria, amor ao próximo e bondade para com todos os seres, sofrerem todo tipo de infortúnio, doenças e até mesmo perseguições.
A indômita Helena Blavatsky renunciou a tudo para viver exclusivamente a serviço do mundo, tendo sido difamada, injuriada e passado por necessidades materiais e enfermidades dolorosas, permanecendo, porém, sempre firme no serviço de seu Mestre.
A vida de sofrimento dos candidatos à Quarta Iniciação é, certamente, equivalente a uma verdadeira “crucificação” ainda que, no seu devido tempo, as atribulações sejam substituídas pela glória da “ressurreição.”
A possibilidade de uma aceleração no processo evolutivo por meio de certas práticas é, sem dúvida, um grande incentivo para qualquer aspirante. No entanto, o famoso Caminho Acelerado de que trata a tradição esotérica, é o árduo Caminho da Iniciação, para o qual existem regras milenares rígidas seguidas pela Grande Hierarquia.
CONCLUSÕES
É dito que existem tantos Caminhos como existem seres humanos e que as necessidades de cada um mudam com o passar do tempo. Da mesma forma como as brincadeiras de criança dão lugar aos esportes e à busca da sensualidade no adolescente, mais tarde aos jogos de poder no adulto e, finalmente, no homem maduro ao anseio espiritual, assim também, o buscador da verdade passa por diferentes etapas em sua jornada. Em cada etapa da vida teremos novos desafios. Assim como a fruta só aparece na estação certa, no ser humano o amadurecimento espiritual virá no seu devido tempo, e a Providência Divina colocará ao nosso alcance as circunstâncias mais favoráveis ao nosso progresso. Cabe a cada um, porém, discernir o que lhe é mais apropriado e tomar as ações devidas para aproveitar as oportunidades ao seu alcance.
Porém, devemos ter sempre em mente que todas as informações, instruções e revelações do exterior, estejam elas contidas nas Sagradas Escrituras, livros inspirados, nas palavras de grandes sábios ou em mensagens, são meramente meios para um fim.
O objetivo último de toda a vida espiritual é a experiência interior de unidade com o Todo e com todos, ou a união com Deus, como dizem os místicos. “Os instrutores tibetanos sempre enfatizam o fato de que a verdade última não pode ser expressa em palavras, mas somente experimentada em nosso interior.
"Portanto, nossas crenças não são importantes, mas sim o que nós experimentamos e praticamos, e como isso afeta a nós mesmos e o ambiente que nos cerca.”
Aqueles que se sentem confortáveis em sua tradição ou movimento, nele encontrando tudo o que seu coração pede, devem aproveitar para mergulhar fundo em seus estudos e, principalmente, em suas práticas.
Devemos ter em mente, porém, que cada um de nós é um diamante em processo de lapidação. Existem inúmeras facetas dessa pedra preciosa que precisam ser buriladas. Em geral, precisamos mudar de posição ou a direção do movimento, para burilar uma nova faceta.
“Busca o caminho, retirando-te para o interior. Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior. Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida. Nenhuma dessas coisas por si só faz adiantar ao discípulo mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir a escada.”
Por essa razão, convém ao buscador estar sempre atento a outros enfoques, a outras doutrinas, além daquelas professadas por sua religião, movimento ou tradição. É dito que uma das melhores maneiras de entendermos as doutrinas de nossa religião ou caminho é estudarmos outra religião ou caminho.
Como estaremos começando do princípio e, no caso da “religião dos outros,” não seremos tolhidos em nossas pesquisas por questões de fé doutrinária, torna-se mais fácil estudarmos e questionarmos até entendermos os pontos fundamentais dessa outra religião ou caminho. Isso invariavelmente nos remeterá a vários pontos paralelos, que anteriormente haviam sido aceitos mesmo sem ser entendidos.
Não há dúvida de que o anseio por receber instrução do Mestre é legítimo. Porém não podemos nos esquecer de duas máximas do esoterismo. A primeira é que: “Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece.”
Será que realmente estamos prontos para sermos instruídos pelos verdadeiros Mestres? Estamos prontos para enfrentar uma disciplina de treinamento mais exigente e rigorosa do que a dos atletas olímpicos, não só por alguns meses ou anos antes da competição, mas por toda nossa vida?
Estamos prontos para assumir o compromisso de servir à humanidade, sem nenhuma distinção, por séculos e milênios? Estamos prontos para renunciar ao nosso conforto, aos nossos interesses pessoais e até mesmo aos nossos bens, para executar o trabalho do Mestre? Estamos prontos para continuar a servir, mesmo quando vilipendiados e injuriados? Estamos realmente conscientes de todas as implicações de nossa eventual aceitação como discípulo do Mestre?
A segunda máxima, é de que:
“Cada um tem o Mestre que merece.”
Somente o próprio indivíduo pode avaliar o grau de sua pureza de coração, de seu altruísmo, de sua entrega a Deus, de seu amor incondicional por todos os seres, de sua humildade e de seu discernimento, para saber que tipo de Mestre ele merece.
O livreto apropriadamente intitulado Aos Pés do Mestre, de autoria de Krishnamurti, menciona que existem quatro qualificações para Senda. “A primeira dessas qualificações é o Discernimento, usualmente tomado no sentido da distinção entre o real e o irreal, que conduz o homem a entrar na Senda. É isso; mas é também muito mais, e deve ser praticado não somente no início da Senda, mas a cada passo, todo o dia, até o fim.”
Os Grandes Instrutores alertam repetidamente que todo discípulo está se preparando para tornar-se um Mestre e, portanto, deve desenvolver seu intelecto, percepção e discernimento ao ponto de jamais ser enganado pelas ilusões do mundo. Se aspiramos a nos tornar discípulos, devemos também desenvolver o discernimento, investigando todos os ângulos da doutrina que nos for apresentada. Essa era uma recomendação constante do Senhor Buda: submetermos sempre ao crivo da mente e do coração os ensinamentos que nos são passados pelos sábios e pelas Escrituras, incluindo até mesmo a doutrina que ele havia ensinado.
A fé cega leva ao fanatismo e à estagnação. A fé (fides, fidelidade) consciente, ao contrário, leva ao crescimento e, no seu devido tempo, à iluminação.
Que a Luz Divina ilumine nossas mentes e fortaleça a nossa determinação, para que possamos trilhar o árduo Caminho da Perfeição que finalmente leva aos pés do Mestre Jesus, o Cristo.


Por: G. A.