domingo, 26 de setembro de 2010

Visão Geral dos Doze Trabalhos de Hércules e o Caminho da Iniciação



Por Um Associado Martinista

Ao estudarmos as narrativas de Hercules e seus Doze Trabalhos, inclusive correlacionando-os com a passagem através dos Doze Signos do Zodíaco, podemos abordar a questão do ponto de vista do aspirante espiritual ou iniciado, individualmente, ou do plano da humanidade como um todo. As provas a que Hércules se submeteu podem ser enfrentadas por milhares de indivíduos que trilham o caminho do desenvolvimento espiritual consciente e da iniciação. Cada um de nós é um Hércules em embrião; os trabalhos, que ontem foram de Hércules, são de toda a humanidade, ou pelo menos de todos aqueles que mantêm as rédeas de sua evolução em mãos, tendo em vista a iluminação espiritual. Os trabalhos de Hércules demonstram o caminho que aguarda o aspirante espiritual sincero, aquele estágio do buscador espiritual inteligente, onde, tendo desenvolvido a mente e coordenado suas habilidades mentais, emocionais e físicas, esgotou os interesses no mundo fenomênico e procura expandir sua consciência. Esse estágio sempre foi expresso pelos indivíduos mais evoluídos de todos os tempos.

Enquanto escalamos a montanha da verdadeira Iniciação, vamos eliminando todo medo e aprendendo a controlar as forças inerentes à natureza humana, até que possamos nos tornar um servidor da humanidade, eliminando a competição e os objetivos egoístas. Ao se aprofundar nos Doze Trabalhos de Hércules, torna-se claro qual deve ser a conduta de cada aspirante e iniciado no Caminho do Discipulado e da Iniciação Real.
Um grande desafio é trazer, para nosso dia a dia hoje, novas maneiras de expressar e vivenciar as velhas verdades contidas nestes mitos, de forma a ajudar as velhas fórmulas para o desenvolvimento espiritual a adquirirem nova e pulsante vida para nós. Este é o desafio de sempre atualizar a luta humana para se superar a natureza animal, fazer desabrochar a natureza humana e revelar a natureza divina oculta em cada um de nós, o que está tão bem configurado nos Trabalhos de Héracles.
Os Doze Trabalhos de Hércules oferecem um quadro sintético do progresso da alma, indo da ignorância à sabedoria, do desejo material à conquista espiritual, de tal modo que o fim possa ser visualizado a partir do início, e a cooperação inteligente com o propósito da alma substitua o esforço feito às cegas. Verifica-se que a história das dramáticas experiências desse grande e venerável Filho de Deus, Hércules ou Héracles, serviria justamente para focalizar qualquer uma das faces da vida o aspirante espiritual em seu esforço para expansão da consciência e realização espiritual. Este tema é tão rico e profundo, que todos nós, lutando em nossa atual vida moderna, podemos aplicar a nós mesmos os testes e provas, os fracassos e as conquistas desta figura heróica que lutou valorosamente para atingir a mesma meta que nós almejamos.

Através da cuidadosa e reflexiva leitura deste mito, talvez possam ser despertados na mente do buscador espiritual um novo interesse e um impulso renovado, pois diante de um tal quadro do desenvolvimento e do destino especial do homem, ele pode querer prosseguir com redobrada coragem e determinação na Senda.
Em sua narrativa mítica, podemos acompanhar como Hércules se esforçou e desempenhou o papel de buscador espiritual. Neste Caminho, ele desembaraçou-se de certas tarefas, de natureza simbólica, e viveu certos episódios e acontecimentos que retratam, em qualquer época, a natureza do treinamento e das realizações que caracterizam o homem que se aproxima da libertação pela senda iniciática. Ele representa um filho de Deus encarnado, mas ainda imperfeito, que definitivamente toma em suas mãos a natureza inferior e, voluntariamente, submete-a a disciplina que finalmente fará emergir o divino. É a partir do ser humano falível, mas que é sinceramente dedicado, inteligentemente consciente do trabalho a ser realizado, que se forma um iniciado ou um Adepto.
Duas grandes e dramáticas histórias têm sido conservadas diante dos olhos dos homens ao longo do tempo. Nos Doze Trabalhos de Hércules, o Caminho da Iniciação é retratado e suas experiências, preparatórias e que conduzem ao grande ciclo de iniciações, podem ser reconhecidas pelo homem que sinceramente aspira a este Caminho. Na vida e obra de Jesus Cristo, radiante e perfeito Filho de Deus, o Reparador, que penetrou o véu por nós, deixando-nos o exemplo para que seguíssemos seus passos, temos retratadas as etapas do Caminho Iniciático de Libertação ou Regeneração e Reintegração, que são os episódios culminantes para os quais os Doze Trabalhos preparam o discípulo.

O oráculo falou e suas palavras ressoam através das eras: "Homem, conhece-te a ti mesmo." Este conhecimento é a mais importante realização no caminho do discipulado e a recompensa de todo o trabalho de Hércules. Sem este conhecimento, não se pode avançar seguramente na senda da Iniciação. Somente assim, o homem pode-se encaminhar firmemente para tornar-se definitivamente auto-consciente e intencionalmente se impõe a vontade da alma - que é essencialmente a vontade de Deus - sobre sua natureza inferior. Neste caminho, o indivíduo submete-se a um trabalho sobre si mesmo que demanda esforço e dedicação, pureza de coração e caridade, para que a flor da alma possa desabrochar mais rapidamente. Simbolicamente, é uma obra onde um solvente psíquico (psique = alma) consome toda escória e deixa apenas o ouro puro. É um processo de refinamento, sublimação e de transmutação, continuamente levado adiante até finalmente se alcançar o Monte da Transfiguração e da Iluminação. Em suma, trata-se de alquimia superior.
Os Doze Trabalhos demonstram exatamente este caminho acima, onde os mistérios ocultos e as forças latentes nos seres humanos são descobertos e têm de ser utilizados de maneira divina e de acordo com o divino propósito sabiamente entendido. Quando são utilizados desta maneira, o iniciado vê-se em sintonia com energias e poderes divinos similares, que sustentam as operações do mundo natural. Torna-se, assim, um trabalhador sob o plano de evolução e um cooperador com aquela "nuvem de testemunhas", a Igreja Invisível do Cristo, que através do poder de sua supervisão, e do resultado de sua realização, engloba hierarquias espirituais por meio das quais a Vida Una guia a humanidade para sua gloriosa consumação. Essa é a meta da série de trabalhos de Hércules, e com essa meta, a humanidade como um todo alcançará sua conquista espiritual grupal através das múltiplas perfeições individuais.

Outra grande e sábia maneira de se enxergar este mito é apresentá-lo como um aspecto especial da Astrologia. Acompanhamos a história de Hércules à proporção que ele percorre os doze signos do Zodíaco. Ele expressou, uma a uma, as características de cada signo, e em cada um, ele conquistou um novo conhecimento de si mesmo, e através desse conhecimento, demonstrou o poder do signo e adquiriu os dons que o signo confere. Em cada signo, vamos encontrá-lo superando suas próprias tendências naturais, controlando e governando seu próprio destino, e demonstrando o fato de que astros predispõem, mas não controlam.
Esta visão astrológica do mito é uma apresentação sintética dos acontecimentos cósmicos que se refletem em nossa vida planetária, na vida da humanidade como um todo, e na vida do indivíduo, o qual é sempre o microcosmo do macrocosmo. Este estudo fornece indicações claras para a compreensão dos propósitos de Deus para a evolução do mundo e do homem. Somente a consciência de que somos partes integrantes de um Todo maior e o conhecimento da divina totalidade, pode revelar o propósito mais vasto. Hércules representou astrologicamente a história de vida de cada aspirante espiritual e iniciado, e demonstrou o papel que a unidade deve desempenhar na Obra eterna.
A analogia astrológica dos Doze Trabalhos de Hércules diz respeito aos doze tipos de energias por meio dos quais a consciência da Realidade divina é obtida. Através da superação da forma e da subjugação do homem inferior, é-nos mostrado um quadro do desenrolar da auto-realização divina. Hércules, em seu corpo físico, embaraçado e limitado pelas tendências a ele conferidas pelo signo no qual ele cumpria sua tarefa, alcançou a compreensão da sua própria divindade essencial. 25 jul Pseudo
As provas a que Hércules voluntariamente se submeteu, e os trabalhos a que, às vezes impensadamente, atirou-se, são aqueles possíveis para muitos de nós ainda hoje. É evidente que, curiosamente, vários detalhes da sua dramática, e às vezes divertida, história dos seus esforços de ascensão podem ser aplicáveis em nossas vidas modernas. Cada um de nós é mesmo um Hércules em embrião, deparando-nos com idênticos trabalhos; cada um de nós tem a mesma meta a conquistar e o mesmo círculo do Zodíaco a abranger. Hércules aprende a lição de que agarrar-se a qualquer coisa do eu separado não faz parte da missão de um filho de Deus. Ele descobre que é um indivíduo, apenas para descobrir que o individualismo deve ser sabiamente sacrificado pelo bem do grupo. Ele descobre também que a ambição egoísta não tem lugar na vida do aspirante espiritual que está em busca de libertação dos ciclos recorrentes de existência e da constante crucificação na cruz da matéria. As características do homem imerso na vida da forma e sob o domínio da matéria são o medo, o individualismo, a competição e a cobiça. Estes têm de ceder lugar à confiança espiritual, à cooperação, à consciência grupal e ao altruísmo.
Esta é a lição que Hércules traz; esta é a demonstração da vida de Deus que está sendo trazida à operação no processo criativo, e que floresce, de maneira sempre mais bela, a cada volta que a vida de Deus faz em torno do Zodíaco. Esta é a história do Cristo cósmico, crucificado na Cruz Fixa dos céus; esta é a história do Cristo histórico, apresentada nos Evangelhos e representada, na Palestina, há dois mil anos; esta é a história do Cristo individual, crucificado na cruz da matéria e encarnado em cada ser humano. Este é a história de nosso sistema solar, a história de nosso planeta, a história do ser humano. Assim, ao admirarmos os estrelados céus acima de nós, temos eternamente representado para nós este drama magnífico, o qual é detalhadamente explicado ao homem pelos Doze Trabalhos de Hércules.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Iniciação Rara - Gary L. Stewart



Em um artigo anterior intitulado “Elementos Introdutórios da Iniciação”, afirmei que a CR+C é uma ordem iniciática e ritualística e expliquei o que isso significa. Também falei de uma corrente que não possui limites de espaço ou tempo, e que a partir desta corrente ou caminho originou-se a linhagem e o propósito iniciático tradicional da CR+C.

Além disso, expliquei os três tipos de iniciação — a comum, a rara e a nociva, seguidas de uma explicação um tanto extensa da primeira categoria, e então breves descrições da segunda e terceira categorias. O propósito deste artigo é examinar a segunda categoria — a iniciação rara.

Primeiramente, devemos compreender, mais a partir do coração do que a partir da mente, que qualquer discussão com relação à iniciação deve ser circular. Em outras palavras, estamos considerando um fluxo ou corrente à qual denominamos caminho, o qual não possui nem começo nem fim. O caminho não é linear em que ele não se relaciona com os conceitos intelectuais de espaço e tempo. Ele não vem de lugar algum, nem tampouco termina em algum local. Ele simplesmente flui. Uma vez que sua natureza é um movimento fluente, por assim dizer, e não possui nem início nem fim, como então esta corrente, ou caminho, pode ser percebido?

Ao examinar o caminho sob uma perspectiva Linear, nós nos visualizamos como um ponto, e visualizamos o caminho como uma linha. A qualquer dado momento, podemos ingressar nessa corrente, mas isso não necessariamente significa que nós nos fundimos com a corrente e nos tornamos um com ela. Nós afirmamos descritivamente que a corrente flui e que, ao nela ingressarmos, fluímos com a mesma. Entretanto “fluir com a corrente” não significa que temos que ser carregados corrente abaixo pelo movimento. Fazer isso significaria dizer que nós estaríamos simplesmente viajando de um ponto a outro ou, em outras palavras, vagando sem destino em uma direção geral. Fluir é a natureza da corrente, e ao entrar nessa corrente, o fluir deve tornar-se nossa natureza.

Conseqüentemente, nós não devemos pensar no caminho como uma linha progredindo em uma direção particular, ou pensar em nós mesmos como pontos ao longo da linha, pois isto resultará em pensarmos em termos de medidas e nos perguntarmos questões tais como: “Onde estou no caminho?” ou “Quão evoluído eu sou?” No caminho iniciatório, as medidas não possuem valor intrínseco real além daquele de se atingir uma compreensão intelectual da situação.

Assim, nos deparamos com um paradoxo. Por um lado nós “entramos no caminho”, o que nos diz que devemos começar em algum “ponto”. Mas se o caminho não possui nem início nem fim, como então pode alguém “entrar” sem perceber uma situação linear? Esta questão pode ser respondida simplesmente afirmando-se que devemos desenvolver versatilidade de mente e coração e, subseqüentemente, mudar nossa perspectiva para visualizarmos a situação não a partir da separação, mas mais exatamente a partir da Unidade. “Eu sou a corrente.”, “Eu sou o caminho.” Porém o “eu” não se refere a mim pessoalmente. É tudo que existe.

Esta ciência só é atingida através da iniciação, e por nenhum outro meio. Ironicamente, nem sempre estamos cientes da iniciação, ou mesmo cientes deste caminho inerente dentro de nós mesmos. Mas ele lá está. Sempre esteve, e o ato de ingressar na corrente é meramente uma percepção de que já estamos no caminho. Como resultado disso, nossa perspectiva do caminho se modifica. Ele não é mais uma linha reta, mas ao invés disso, é uma substancia que a tudo penetra, que tem a aparência de existir em graus somente em relação à compreensão do indivíduo que o está experimentando. Nossa percepção, então, é um movimento circular e fluente que não conhece pontos. Não é, na verdade, uma forma espiral, porque não possui direção mundana — nem tampouco um sentido de superior ou inferior. Nem, ao mesmo tempo, é ela autocontida, porque é verdadeiramente infinita quando vista a partir de uma perspectiva mais completa de onipotência.

A iniciação comum, como fora considerada anteriormente, atinge basicamente duas coisas. Primeiro, ela representa — não, ela é um caminho ou uma corrente completa solidificada em um método. Ela possui todos os elementos em sua forma completa contidos em um sistema que é em si e por si mesmo onipotente. Nesse tipo de iniciação, a tradição e a linhagem desse sistema são passadas de um iniciado para outro. Por favor, compreenda que a ciência de consciência expandida, ou de iluminação mística, que a iniciação comum representa e serve, não é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciado que recebe a iniciação. Nem é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciador, aquele que inicia. É importante perceber que uma substância intangível é passada de um para outro através do processo de iniciação comum, uma vez que cada iniciado, independentemente de sua compreensão, prestou um voto de se tornar um veículo de Luz e de verdadeiramente servir o caminho. Não é necessário para o iniciado ou para o iniciador compreender a essência que está sendo passada de um para o outro, contanto que a pureza de motivo e a sinceridade sejam evidentes. Isto se dá simplesmente porque uma pessoa não confere uma iniciação a uma outra pessoa. O iniciador serve a iniciação, e é o iniciado quem recebe o que é servido por um outro e concorda em servir perpetuamente da mesma maneira — assumindo a responsabilidade total de aprender o que ocorreu.

Em segundo lugar, a iniciação comum inspira e desperta a iniciação rara dormente dentro de cada indivíduo. É importante notar neste ponto que uma iniciação rara não é superior, inferior, ou melhor do que uma iniciação comum ou vice versa. Para que um caminho seja seguido, há um inter-relacionamento imediato entre as duas formas de iniciação que necessita sua inseparabilidade. Este ponto será ilustrado em breve.

A iniciação rara também pode ser referida como a iniciação verdadeira, apesar deste último termo poder ser enganoso. Definida simplesmente, a iniciação rara ocorre quando um iniciado recebe uma iniciação diretamente através de uma osmose espiritual e não a partir de um iniciador humano. Em outras palavras, há uma fusão completa da natureza do iniciado com a corrente espiritual. O iniciado percebe que ele ou ela não entrou meramente em uma corrente e viaja de um ponto a outro, como mencionado anteriormente, mas mais exatamente, a natureza do iniciado deve se tornar idêntica ao fluxo da corrente. A iniciação rara subentende que o recipiente recebeu uma percepção da iluminação mística.

Entretanto, existe muito mais nisto do que nossos olhos podem enxergar.
Qualquer pessoa pode receber iluminação mística, e não tem que estar em um caminho para assim o fazer. Se este é o caso, deve ser percebido que a natureza da iluminação poderia possivelmente ser sem sentido ou desperdiçada, de certa forma, em alguém que não percebe o seu significado e não a coloca em ação. A iluminação mística em si e por si mesma é comum. O que é extremamente raro é uma pessoa verdadeiramente perceber e participar da experiência, com isso apreciando seu valor por completo. Todos os seres têm o potencial para um despertamento inerente dentro de si. Portanto, a iluminação mística se torna uma simples percepção. Se essa percepção varia em grau de se saber desde como 2 + 2 = 4, até uma consciência expandida do Cósmico, depende da iniciativa e do propósito do indivíduo.

A importância de uma experiência mística é que ela é noética. A pessoa sabe, sem dúvida nenhuma, que algo é verdade. No exemplo simples 2 + 2 = 4, não é o fato 2 + 2 = 4 que é uma percepção mística, mas mais exatamente, é o saber e o sentir daquela substância intangível que nos faz perceber e, pela primeira vez, nos maravilharmos com espanto que existe tal fato de que verdadeiramente 2 + 2 = 4. Nós todos já tivemos aquela experiência de saber, e esse sentimento é tão difícil de descrever e às vezes tão sutil que pode facilmente passar desapercebido porque nós nos tornamos muito envolvidos com os resultados ou fatos. Mas, na verdade ele lá está! A força de nossa percepção depende de como nós respondemos à energia sutil.

Nós não conseguimos corretamente qualificar a equação 2 + 2 = 4 como uma iluminação mística ou como o resultado de uma iniciação rara. Porém, é importante saber que é a fonte por detrás da percepção da verdade desta equação que deve ser nutrida.

Mais uma vez nossa discussão se torna circular. Mencionei anteriormente que existe um inter-relacionamento entre a iniciação rara e a iniciação comum. Este relacionamento tem a ver com o caminho ou corrente.

Se um indivíduo é o recipiente de uma iniciação rara que resulta num despertamento completo de uma percepção espiritual, podemos presumir que esta pessoa já fora preparada para a experiência. Talvez esse indivíduo ingressou em um caminho e foi preparado por uma série de iniciações comuns durante sua vida. Ou talvez ele ou ela tenha sido preparado durante uma encarnação anterior. Quando o iniciado tem tal experiência, um de três resultados se seguirá.

Ou esta pessoa não fará nada, com isso mantendo a experiência para si própria; ou o iniciado agirá e se tornará uma pessoa com propósito, estando assim servindo a iniciação de maneira a compartilhá-la com outros ou servindo a humanidade; ou o iniciado embarcará em um novo caminho.

No primeiro caso, podemos ter por certo que a iniciação não foi completa, mesmo se ela assim tenha parecido para o indivíduo. As qualidades do serviço estão faltando e os benefícios acabam servindo ao próprio indivíduo. Com isso, a iniciação foi, de certa maneira, desperdiçada, embora comprometimentos menores possam se manifestar.

No segundo caso, a iniciação foi acompanhada de um sentido de necessidade de servir. Tal serviço irá se manifestar, mais comumente com o indivíduo fazendo um voto e um compromisso silencioso e despretensioso de servir como um veículo de Luz em vias que possam nem parecer místicas em natureza. Tais indivíduos podem trabalhar no desenvolvimento da cultura, na educação ou no serviço à humanidade de alguma outra forma. Geralmente, tais pessoas são altamente consideradas, reconhecidas em seus campos e se destacam entre o resto de seus companheiros de trabalho uma vez que seus propósitos têm um comprometimento muito mais intenso.

Dos três resultados, o segundo e o terceiro estão mais alinhados com o trabalho e os propósitos das linhagens e Ordens místicas, tais como a CR+C. No segundo resultado, o indivíduo já havia entrado em uma corrente ou caminho e tinha recebido iniciações comuns as quais inspiraram e aceleraram a iniciação rara. A escolha de propósito de tais iniciados então se torna trabalhar inteiramente dentro de seus caminhos escolhidos e acrescentar suas forças de compreensão da iniciação comum para outros indivíduos dentro de sua corrente. O terceiro resultado é começar um novo caminho. Porém, novamente, este terceiro resultado é enganoso, uma vez que o “novo” caminho não é novo, porém meramente um ramo do antigo, e se nós conseguirmos visualizar uma árvore com muitos ramos, nós poderemos ver como tais correntes se inter-relacionam.
Nós dizemos que existem muitos caminhos, e realmente existem, mas todos eles se originam a partir de uma mesma fonte de base mística e espiritual. Os ramos são desenvolvidos de acordo com a necessidade, e tradicionalmente tais caminhos, como a corrente Rosa-Cruz, tem gerado ramificações místicas e não-místicas, baseadas no ideal espiritual do serviço e na necessidade no momento de sua concepção. No passado a corrente Rosa-Cruz foi responsável por influenciar e formar outros movimentos místicos, ordens e ritos, tanto quanto por contribuir para o desenvolvimento de organizações educacionais e aparentemente não místicas tais como a Royal Society e outros sistemas de pensamentos filosóficos e científicos, para assim guiar e adicionar um maior significado místico a tais movimentos. Hoje em dia, além de nosso trabalho espiritual e esotérico, fazemos o mesmo nos concentrando primariamente na cultura e educação como representações e manifestações mundanas de nosso ideal espiritual. O amanhã será determinado de acordo com a necessidade.

Em resumo, a iniciação é sempre evidente em buscas espirituais e místicas. Nosso primeiro passo em direção a um caminho é o resultado de uma iniciação que nos ensina a necessidade de saber e fazer mais. Mais tarde, o iniciado irá experimentar uma iniciação comum ou uma iniciação rara. Caso a iniciação rara seja experimentada primeiro, o envolvimento com a iniciação comum se torna uma necessidade. Se alguém começa com a iniciação comum, a consecução de uma iniciação rara se torna uma meta, e a apreciação da iniciação comum subseqüentemente se torna mais evoluída, formando assim um círculo, uma vez que todas as iniciações são um amálgama do Todo.