sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012





“A candeia do corpo são os olhos. De sorte que, se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mestre Jesus, o Cristo (Mateus, 6:22)

O homem comum é limitado pela luz que seu olho capta, ou seja, pelos fenômenos que acontecem a seu redor. 

Ele está habituado a identificar-se com mundo que o rodeia, com lado externo das coisas, o que se tornou cada vez mais importante. 

Este esplendor e este brilho mascaram sua pobreza interior. 

O que uma pessoa pretende ser, sua imagem, começa a tornar-se mais importante do que aquilo que ela é realmente.

O olho “mau” não poderá dissipar a ilusão deste mundo, pois ele não está
completamente satisfeito com tudo o que vê. 

Deste modo, nenhuma luz verdadeira pode penetrar o ser humano como criatura microcósmica, e todo o seu corpo continua nas trevas.

A multiplicidade dos contrários é a marca do mundo. 

Quase sempre, somente percebemos as diferenças entre os fenômenos e ninguém é capaz de vê-los como uma unidade. 

E não poderia ser de outra forma, pois o homem perdeu o contato com sua própria
unidade e assim ficou condenado a conhecer a si mesmo dentro de um caos interior. 

Como ele comeu do fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal” e somente vê oposições, a “árvore da vida” tornou-se inacessível para ele.

Quando o olhar se volta do exterior para o interior, é possível comer o fruto
da “árvore da vida”. 

O olho que quer-se tornar simples deve aprender a se desligar do mundo das oposições, e isto não é fácil. 

Primeiro, é preciso descobrir que, na natureza, cada força atrai uma força contrária. 

Para atingir a tranqüilidade, é preciso conseguir ter uma relação completamente diferente com a natureza. 

Se possível, é preciso deixar o mundo em calma para depois conseguir sua própria calma e é com este propósito que os frutos da “árvore da vida” nos vêm ajudar.

De fato, este novo alimento, que provém de um outro campo de vida, concede a força de ultrapassar as oposições da natureza perecível e de seguirem frente, em meio ao mundo, a caminho do mundo da unidade.

O homem traz a unidade dentro de si mesmo, e este único vestígio divino está
sempre lhe dizendo: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha
voz e abrir a porta, entrarei em suacasa...”. (Apocalipse, 3:20). 

Um novo rumo lhe será dado, para que ele possa sair do mundo dos opostos. 

Este rumo lhe trará a paz e apagará dentro dele os desejos deste mundo.

Surgirá para ele um novo preceito:

“Busca primeiro o Reino de Deus e todo o resto te será dado em acréscimo”.

Será estabelecida uma nova relação com o mundo: ele já não terá necessidade,
como antes, de buscar o que é preciso para viver, pois isto lhe será oferecido. 

Ele receberá tudo o que necessitar para o crescimento da nova alma.

Portanto, a maneira pela qual o olho vê determina a qualidade do corpo astral e
do corpo mental. 

É por esta razão, também, que ele é chamado de “espelho da alma”. 

Jacob Boehme explica, em seu "Diálogo entre o mestre e o discípulo":

“Teu olho direito vê na eternidade. O olho esquerdo olha para trás, no tempo.
Se te permites sempre olhar a natureza e as coisas do tempo, não atingirás
jamais a unidade que tanto desejas. Deixa disto e fica atento. Não permitas a
teu espírito que percorra o que é exterior ou que se satisfaça com isto; e não
voltes teu olhar sobre ti mesmo... Não deixes que teu olho esquerdo te induza
a erro, evocando a todo o momento uma idéia depois da outra; mas que teu olho
direito conduza o esquerdo... E é somente levando o olho do tempo no olho da Eternidade e... descendo na luz da natureza graças à luz divina... que conseguirás atingir a unidade de visão, ou a vontade unificada”.

Nós vos dizemos isto para que vejais claramente que o homem que ainda não está ‘inflamado pelo Espírito divino’, que conseqüentemente ainda não abriu seu olho direito para a luz da Gnosis, em realidade é "caolho".

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