sábado, 13 de novembro de 2010

Ausência de Desejos




"... Há muitas pessoas para quem a Qualificação de Ausência de Desejos (Desapego, Desprendimento, Abnegação) é difícil, pois elas sentem que elas são os seus próprios desejos (apegos) - que se os seus desejos (apegos) peculiares, suas simpatias e antipatias, lhes forem tirados, não lhes restará mais individualidade alguma. Essas, porém, são somente aquelas que ainda não viram o Mestre; pois na luz de Sua santa Presença todo o desejo sucumbe, exceto o de ser semelhante a Ele. No entanto, antes mesmo de teres a felicidade de encontrá-lo face a face, podes alcançar a ausência de desejos (desapego), se quiseres. O Discernimento já te mostrou que as coisas que a maioria dos homens deseja, tais como riqueza e poder, não são coisas merecedoras de aquisição; quando isto é realmente sentido, e não meramente dito, todo o desejo (apego) por elas cessa.

Tudo isso é simples; é necessário somente que compreendas. Há, porém, algumas pessoas que renunciam à busca de objetivos terrenos somente com o intuito de alcançar o céu, ou para atingir a libertação pessoal dos renascimentos; neste erro não deves cair. Se esqueceste completamente de ti mesmo, não podes ficar pensando quando será a tua libertação, ou que tipo de céu deverás ter. Lembra-te que todo desejo egoísta prende, por mais elevado que possa ser seu objetivo, e enquanto não te desprenderes dele, não estarás completamente livre para te dedicares à obra do Mestre.

Quando todos os desejos pessoais tiverem desaparecido, poderá ainda restar um desejo de ver o resultado do teu trabalho. Se auxiliares alguém, quererás ver quanto o ajudaste; talvez até queiras que ele o veja também, e que te seja grato. Mas isto ainda é desejo, e também falta de confiança. Quando vertes tua energia para auxiliar, tem de haver um resultado, quer possas vê-lo, quer não; se conheces a Lei sabes que deve ser assim. Portanto, deves agir certo por amor ao certo, não pela esperança de recompensa; deves trabalhar por amor ao trabalho, não pela esperança de ver o resultado; deves entregar-te ao serviço do mundo porque o amas e não podes deixar de entregar-te a ele.

Não desejes os poderes psíquicos; eles virão quando o Mestre entender ser melhor para ti possuí-los. Forçá-los muito cedo traz em seu treinamento, freqüentemente, muitas perturbações; e seu possuidor muitas vezes é desorientado por enganosos espíritos da Natureza, ou torna-se vaidoso e julga-se isento de cometer erros; em qualquer caso, o tempo e a energia despendidos em adquiri-los poderiam ser utilizados em trabalho para os outros. Eles virão no decurso do teu desenvolvimento - eles têm de vir; e se o Mestre entender que seria útil para ti possuí-los mais cedo, Ele te ensinará como desenvolvê-los com segurança. Até então, estarás melhor sem eles.

Deves resguardar-te, também, de alguns pequenos desejos que são comuns na vida diária. Nunca desejes brilhar ou parecer inteligente; não tenhas desejo de falar. É bom falar pouco; melhor ainda é nada dizer, a menos que tenhas plena certeza de que o que desejas dizer é verdadeiro, amável e útil. Antes de falar, pensa cuidadosamente se o que vais dizer tem essas três qualidades; se assim não for, não o digas.

É bom que te habitues desde agora a pensar cuidadosamente antes de falar; pois quando alcançares a Iniciação, terás de vigiar cada palavra, a fim de não dizeres o que não deve ser dito. Muitas das conversações ordinárias são desnecessárias e insensatas; quando descem à maledicência tornam-se perversas. Assim, acostuma-te antes a ouvir do que a falar; não dês opiniões a menos que te sejam diretamente solicitadas. Um enunciado das qualificações é assim dado: saber, ousar, querer e calar, e a última das quatro é a mais difícil de todas..."

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