segunda-feira, 9 de abril de 2012
Metanóia - Alétheia
A passagem chave sobre o “Reino dos Céus” é atribuída a João Batista, e encontra-se logo no início do Evangelho de Mateus.
Essa passagem lapidar gerou uma triste confusão na maior parte dos leigos e teólogos sobre o verdadeiro significado do Reino.
As palavras de João, como chegaram a nós, foram: “Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3:2).
A razão da confusão explica-se, em parte, pela tradução inapropriada da primeira palavra, o que dificultou o entendimento do verdadeiro sentido espiritual da mensagem.
A palavra traduzida como “arrependei-vos”, que no original grego derivava de metanóia, tinha uma rica conotação, pois significava transformação dos estados mentais pelo entendimento dos fatores que haviam levado ao pensamento ou ação errônea inicial.
Metanoia (do grego antigo μετανοεῖν, translit. metanoein: μετά, metá, 'além', 'depois'; νοῦς, nous, 'pensamento').
Com a tradução do termo como “arrependimento” a conotação que passou a ser dada para essa passagem é a de “culpa por transgressões anteriores” e não de “transformação interior devida ao entendimento dos fatores envolvidos”.
A tradução foi extremamente infeliz porque desvirtuou a passagem e contribuiu para que, ao longo dos séculos, os cristãos desenvolvessem um sentimento negativo e apático de culpa em vez da atitude positiva desejada de transformação.
Essa postura induziu, ademais, a uma interpretação errônea do “Reino dos Céus”, que passou a ser identificado como um lugar a ser atingido por aqueles que se arrependessem de seus pecados.
Assim como a expressão basilar do Mestre Jesus, o Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32) tem um alcance bem mais profundo do que geralmente imaginamos.
Não se referia meramente àquilo que achamos ser a verdade em termos de nossos padrões tradicionais.
Alétheia (em grego antigo, ἀλήθεια: «Verdade», no sentido de desvelamento: de a-, negação, e lethe «esquecimento» ).
Não era a “verdade” na forma dos conceitos ensinados externamente pela família e a sociedade.
A verdade libertadora a que se referia Jesus era a verdade interior, a verdade sem mácula, muitas vezes com implicações surpreendentes, que surgia do fundo do coração, do Cristo interior.
Por isso Mestre Jesus disse: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas futuras” (Jo 16:13).
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