domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Fênix



No longínquo Oriente, onde repousa a abóbada celeste
e os portais da eternidade parecem próximos,
fica uma região venturosa, isolada e solitária.

Não é fustigada pelo verão, nem pelo gelado inverno.
Irradia ali somente o Sol da primavera.

A perder de vista estendem-se planícies,
em nenhum lugar se erguem montes,
nem se abrem precipícios.

No entanto, aquele lugar sublime
sobrepuja em doze côvados
as mais altas de nossas montanhas.

Lá está o bosque do deus Sol,
repleto de magníficas árvores, plantas luxuriantes,
verdejante em perene folhagem.

Os Animais dos Mistérios
Quando o fogo de Faetonte
outrora queimou a abóbada celeste,
do calor das chamas
foi inteiramente poupado aquele lugar;
e quando o dilúvio submergiu nas águas
o globo terrestre, ergueu-se ele totalmente só,
acima do mar de Deucalião.

Doença não se acha ali, nem a ranzinza velhice,
nem a morte cruel, nem o horripilante pavor,
nem o perverso vício, nem a cobiça insensata,
nem a terrível cólera, nem também
a avidez do assassínio.

Ausente dali estão a amarga tristeza
e a pobreza com seus farrapos,
ausente está a imagem da fome
com o tormento da preocupação.

Tempestade não existe ali,
nem a agitação dos ventos,
nem cobre a terra a geada que à noite cai.

Jamais nuvem alguma
envolve a campina coberta de neve,
nem caem do céu copiosas águas turvas.

Mas, há ali uma fonte que se chama Vivente,
abundante em água clara, mansa e transparente.

Uma vez a cada mês, ela transborda
e irriga inteiramente o arvoredo em doze torrentes.
Esguia, com magnífico tronco,
eleva-se ali uma árvore
cujos frutos maduros nunca tocam o chão.

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