segunda-feira, 27 de agosto de 2012

OPUS ALCHIMICAE (A Obra Alquímica) – por Awmergin, o Bardo



II


NIGREDO

Se queres a vida viver
Deves morrer, ó filho.
Não penses que vivendo
Podes viver realmente.
Hás de morrer para o mundo
Dos homens e nascer novamente.
Prepara-te para descer ao antro escuro.
Ali, onde pavorosas são as vozes
E desesperados são os gritos.
Desfaz-te de tuas vestes.
Deixa tudo para trás e arroja-te à caverna.
Acendeste tua lâmpada? Tens luz própria?
Se já a tens, então estás pronto.
Ousar: eis o primeiro passo.
Sê intrépido em tua jornada.
Se o medo te acometer, inflama-te de coragem.
No mundo dos mortos verás
Muitas faces familiares.
Não te apegues a elas –
Não passam de sombras e espectros falsos.
Afugenta-os e dá-lhas as costas.
Segue teu passo resoluto.
Não podes parar; ainda tens caminho à frente.
Recorda-te de que deves encarar
O demônio face-a-face.
Muitas formas tem ele.
“Que forma assume”, tu te indagas?
Isso depende de ti.
Para cada neófito ele assume uma forma.
Qual será aquela que ele se apresentará
A ti? Vai e verás.
Chegaste ao fundo do antro.
A câmara está escura como
A treva primordial. Não olhes para fora.
Confia na luz que arde dentro de ti.
Só ela poderá iluminar-te.
Deixa que se putrefaça a matéria.
Não impeças o processo.
Colhe a substância do que restar
A obra em negro está sendo realizada.
Deixa os resíduos para trás e segue.
Agora estás morto.
Uma vez morto, podes retornar
Sendo outro. Agora és um filho da luz real.
Todavia, a Obra não está finalizada.
Ainda deves purificar a matéria.
Recorda-te de do que te disse
Hermes a seu filho Asclépios
E segue com o labor.
Eis a primeira etapa
Da Obra Solar.

Rudy Rafael

Um comentário:

  1. É bom ver que minha obra está correndo o mundo.
    PAz Profunda!

    Awmergin, o bardo

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