terça-feira, 1 de maio de 2012
Sabemos tão pouco sobre Deus quanto sobre as formas sob as quais Ele se manifesta.
Da mesma forma que um som ou que uma freqüência somente podem ser percebidos por um instrumento adaptado a eles, da mesma forma, a sombra divina
somente será percebida por sentidos adaptados, sem que estes tenham, por isso, a capacidade de perceber Deus.
Estes conceitos importantes evocam a alegoria da caverna de Platão.
Nesta caverna, encontram-se homens que estão acorrentados a ela desde muito jovens.
Eles não podem voltar a cabeça e não vêem, portanto, a entrada diante da qual arde uma fogueira.
Diante desta fogueira passam todos os tipos de formas que projetam sua sombra sobre a parede do fundo, enquanto os ruídos do exterior somente chegam até a caverna sob a forma de ecos.
Para os prisioneiros, essas sombras e esses ecos são a única realidade, e, no entanto, é uma realidade inexata.
Este exemplo mostra bem a relatividade do mundo e do eu.
Esta tomada de consciência é a primeira etapa na senda da Verdade:
“Homem, conhece-te a ti mesmo.”
No livro “O Anel da sabedoria” , Ibn Arabi declara:
“O conhecimento que temos de Deus é tão ínfimo quanto os fenômenos por meio dos quais Ele se manifesta”.
E ele explica: “Se uma luz incolor atravessar um vidro colorido, ela ficará da cor do vidro. Quem diz que a luz é verde, diz a verdade a partir de seu ponto de
vista, e seus sentidos testemunham a favor desta verdade. Mas, quem diz que a luz não é nem verde nem colorida, diz a verdade e é a razão sã que dá testemunho desta verdade”.
Quando a luz atravessa pedaços de vidro de diferentes cores, acontece uma multiplicação aparente desta, conforme a consciência dos observadores.
O sufi Abdul Quasim al Djunaid diz: “A água é da cor daquele que a olha”.
Da mesma forma, um processo ou um certo número de características dependem do ponto de vista do observador.
Podemos dizer da luz que penetra tudo no universo que ela é “branca” e que ela não pode ser percebida a não ser por aqueles que se encontram nela.
Para tocar os homens, a luz deve adaptar-se a sua consciência, a fim de fazê--los sair de sua decadência.
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