O discípulo do Tai-Chi não fugirá da luta, jamais.
Pois sabe que a montanha e todas as coisas que surgem no seu caminho
são elementos de aprendizado para sua experiência na terra.
Libera sua força e ataca como um tigre e se defende como tigre,
usa energia de seu interior e a expande.
Prossegue sua jornada lutando,
estando sempre no limiar de situações aparentemente antagônicas.
O homem agradece este presente dos céus e regressa à terra.
E nisso, surge um lago de águas calmas e brilhantes
simbolizando um problema do interior do guerreiro,
um problema espiritual, que não pode ser enfrentado com socos e pontapés.
O sábio, ao encontrar o lago, caminha com uma máxima suavidade,
por sobre as águas, tornando-se leve como o vento, leve como um espírito,
atravessando até chegar à sua margem e então ele olhará
para o lago e para os novos horizontes.
Continua o seu caminhar, porém seus passos não são como de início.
São mais belos e harmoniosos apreciando novas situações.
Até que o nosso caminhante se depara com o bruxo, o mago,
a personificação do medo do desconhecido.
O bruxo somente estará morto pela flecha da sabedoria,
removendo o sentimento de terror e ignorância que caia na consciência dos homens.
Depois de ter enfrentado seus fantasmas, o nosso venerável guerreiro
caminha guiado pela sua consciência e encontra o monge,
o mestre, o sábio, que aponta uma nova direção, mudando o seu rumo.
Ele segue esta orientação tranqüilo.
Porém, no terceiro passo, ele se depara com um abismo e decide saltar,
retornar é o caminho dos covardes.
O nosso guerreiro se encontra no fundo do abismo envolto pela escuridão
e como uma serpente ele rasteja pela lama do fundo do abismo
sem enxergar uma direção a seguir, rastejando; sujando-se de lama, ele percebe
que, como uma serpente, deve levantar, erguer-se para avistar novos horizontes.
Neste momento ocorre a morte do velho guerreiro.
E o nascimento de um novo homem que observa no horizonte distante uma luz
e resolve ir na sua direção, porém percebe algo estranho,
quanto mais ele caminha na sua direção mais ela se afasta.
Então ele pára e medita, e decide caminhar em direção oposta,
caminhando para o seu interior.
Procurou tanto nas coisas externas
e quando ele se volta para o seu interior ocorre a iluminação.
A felicidade brota no seu ser e ele está livre para alçar o vôo,
como uma gota de água no oceano que se evapora,
cai com a chuva formando os rios;
mas não há outro destino senão retornar ao grande oceano.
Liberto ele voa retornando ao lar, retornando ao grande Tao.
E este homem já não sabe mais o que é o céu
nem a terra, pois ele e toda a natureza,
tudo que está a sua volta são uma coisa só".
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