domingo, 20 de março de 2011
"Cada noite e cada manhã
Alguns nascem para a miséria.
Cada manhã e cada noite
Alguns nascem para o doce deleite...
E alguns nascem para uma noite sem fim.
Somos levados a acreditar numa mentira
Quando não vemos através do olho
que nasceu na noite, para nela perecer
Quando a alma dormiu em colunas de luz.
Deus aparece e Deus é luz
Para estas pobres almas que habitam a noite,
Mas se faz em aparência humana
Para aqueles que habitam o reino do dia."
(William Blake)
"Que temos de comum com o botão de rosa que verga sob o peso de uma gota de orvalho?
É verdade que se amamos a vida, é por estarmos mais habituados a amar do que a viver.
Há sempre o seu quê de loucura no amor. Mas há sempre o seu quê de razão na loucura.
E quanto a mim, que gosto da vida, parece-me que aqueles que melhor se entendem com a felicidade, são as borboletas e as bolas de sabão, e tudo o que entre os homens se lhes assemelhe.
Ver revolutear essas alminhas aladas e loucas, graciosas e movediças, é o que arranca a Zaratustra vontade de chorar e de cantar.
Eu só acreditaria num Deus que soubesse dançar.
E quando vi o meu Diabo, achei-o grave, meticuloso, profundo, solene; era o espírito de Gravidade. É ele que faz cair todas as coisas.
Não é a cólera, é o riso que mata.
Adiante! Matemos o espírito de Gravidade!
Eu aprendi a andar: desde então deixei de esperar que me empurrassem para mudar de sítio.
Vede como me sinto leve; vede, estou a voar; vede, agora vejo-me do alto, como um pássaro; vede, um Deus dança em mim."
(Assim Falou Zaratustra – Friedrich Nietzsche)
"A mente é a assassina do real
Que aquele que busca a verdade mate o assassino
Porque quando para si mesmo a sua própria forma parecer irreal, como o parecem, ao acordar, todas as formas que ele vê em sonhos;
quando deixar de ouvir os muitos, poderá divisar o Um - o som interior que mata o exterior.
Então, e só então, abandonará ele a região de Asat, o falso, para chegar ao reino de Sat, o verdadeiro.
Antes que a Alma possa ver, deve ser conseguida a harmonia interior, e os olhos da carne tornados cegos a toda a ilusão.
Antes que a Alma possa ouvir, o corpo tem de se tornar surdo aos rugidos como aos segredos, aos gritos dos elefantes em fúria como ao sussurro prateado do pirilampo de ouro.
Antes que a Alma possa compreender e recordar, ela deve primeiro unir-se ao "Falador Silencioso", como a forma que é dada ao barro se uniu primeiro ao espírito do escultor.
Porque então a Alma ouvirá e poderá recordar-se.
E então ao ouvido interior falará"
(A Voz do Silêncio)
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