O homem profano vive numa permanente embriaguez das coisas do ego material-mental-emocional.
E por isto não tem sede das coisas espirituais do Eu.
São cegos para a Verdade, porque só enxergam as ilusões.
Todo o homem entra neste mundo sem nada, mas não deve sair do mundo sem nada.
"Se manifestarem aquilo que têm em si, isso que manifestarem os salvará. Se não manifestarem o que têm em si, isso que não manifestarem os destruirá".
Mestre Jesus, o Cristo
Evangelho Gnóstico de Tomé
A razão-de-ser da nossa encarnação terrestre é adquirirmos algo que não nos foi dado.
De Deus recebemos a nossa alma como carta branca; mas não lhe podemos devolver como carta branca.
Se devolvermos a Deus o que de Deus recebemos, seremos iguais àquele "servo mau e preguiçoso" da parábola dos talentos, que devolveu o mesmo talento que recebera.
A nossa missão terrestre é realizarmos pelo poder creativo do livre arbítrio valores que Deus não nos deu, mas para cuja creação nos deu potencialidade creativa.
O homem deve atualizar as suas potencialidades creadoras.
Quanto ao corpo, sim, sairemos do mundo assim como no mundo entramos, sem nada.
O corpo nos foi emprestado como embalagem pêlos nossos pais e pela natureza. Devolveremos à natureza o que da natureza recebemos.
Mas temos de restituir a Deus o que de Deus recebemos.
Quem pode, deve; e quem pode e deve e não faz, crea débito, e todo débito gera sofrimento. O homem é uma creatura potencialmente creadora, e seu dever é fazer-se uma creatura atualmente creadora. É esta a grande Verdade insinuada pelas palavras de Jesus, o Cristo.
Já no início da Era Cristã, lamentava o grande Orígenes, de Alexandria, que muitos falam do Cristo e poucos se cristificam.
Muitos sabem que existe uma fonte de águas vivas, poucos bebem dessa água. Este mesmo fenômeno, aliás, se repete no mundo inteiro: quase toda a Ásia conhece a sabedoria de Buda, de Krishna, de Lao-Tse: muitos admiram as "quatro verdades nobres", a Bhagavad Gita, o Tao Te King...e poucos descem à profundeza dessas fontes de sabedoria vivenciando-as.
Quase todo o ocidente, europeu e americano, se diz cristão: muitos lêem os Evangelhos, fazem sermões, conferências e escrevem poesias sobre os ensinamentos do Mestre Jesus, mas quantos orientam a sua vida pelas grandes verdades do Cristo?
O Evangelho, como se vê, é puro auto-conhecimento, que culmina em auto-realização. Todos os grandes Mestres da humanidade, do Oriente e do Ocidente, são unânimes em pôr o auto-conhecimento acima de qualquer alo-conhecimento.
O homem deve iniciar a sua verdadeira realização, o Reino de Deus. Interno e externo, aqui e agora, harmonizando a sua consciência mística e sua vivência ética com a Divindade.
"Velai para que ninguém vos engane dizendo: Ei-lo aqui. Ei-lo lá. Porque é em vosso interior que está o Filho do Homem; ide a Ele..."
Mestre Jesus, o Cristo.
Evangelho Gnóstico de Maria Madalena
Quem só conhece o Universo, mas ignora a si mesmo, conhece muitos nadas: mas quem se conhece a si mesmo, conhece sua alma, que é também a alma do Universo.
"Mas, o Reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza".
Mestre Jesus, o Cristo
Evangelho Gnóstico de Tomé
Realizar-se é conscientizar Deus em si mesmo e conscientizar Deus no Universo. Realizar-se é Universificar-se.
O homem intelectual, escreve Einstein, descobre aquilo que é, mas o homem espiritual realiza em si aquilo que deve ser, aquele é um descobridor de fatos, este é um creador de valores. Valor é Realidade eterna, fatos são reflexos passageiros.
Do substantivo latino factum veio o adjetivo facticium, que mais tarde deu ficticium; quer dizer que os fatos são fictícios e não reais.
"O cristianismo é uma afirmação do mundo que passou pela negação do mundo".
Albert Schweitzer
"Na verdade, os amigos de Deus nada temem e não se entristecem por coisa alguma. Pois se defrontam com a realidade interior deste mundo, enquanto outros homens se defrontam com sua aparência exterior. Do mesmo modo visam o fim deste mundo, enquanto outros visam apenas o presente imediato aqui. Destroem no mundo aquilo que pode destruí-los, e abandonam o que sabem que vai abandoná-los. São hostis para aquelas coisas às quais os outros homens se associam, e abençoam as coisas que outros homens odeiam. Demonstram a maior admiração pelo boas ações dos outros, enquanto eles próprios possuem bens que valem a maior admiração. Para eles, conhecimento (gnose) é o guia, através do qual eles mesmos ganham conhecimento. Não depositam fé exceto naquilo que guardam esperança, nem temem nada exceto aquilo que deveria ser evitado."
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