Para saber o que é o amor, derramei as lágrimas mais amargas de separação e de arrependimento.
Sacrifiquei tudo, todo apego e toda ilusão, para compreender, afinal, que estou apaixonado
pelo Amor - por Deus - apenas.
Então, bebi o amor de todos os corações sinceros.
Vi que Ele é o Único Amante Cósmico, a Única Fragrância que,
no jardim da vida, permeia as variadas flores do amor.
Muitas almas se perguntam, numa atitude triste e desamparada, por que o amor foge de um coração para outro.
As almas despertas percebem que o coração não é volúvel quando ama seres diferentes, mas ama o Deus-Amor único, presente em todos os corações.
O Senhor sempre vos sussurra em silêncio:
Eu Sou o Amor.
Porém, a fim de experimentar o ato de amar e a dádiva do amor, dividi-Me em três: o amor, o amante e o amado.
Meu amor é belo, puro, eternamente jubiloso; e Eu saboreio de muitas maneiras, por meio de muitas formas.
Como pai, bebo o amor reverente do manancial do coração de meu filho.
Em forma de mãe, bebo o néctar do amor incondicional do cálice da alma de meu bebezinho.
Na criança, absorvo o amor protetor da razão justa do pai.
Como infante, bebo o amor imotivado no santo graal de materna atração.
Patrão, bebo o amor cheio de consideração que vem do frasco da amabilidade do servidor.
Como servidor, sorvo o amor respeitoso no copo do apreço do patrão.
Na forma de guru-preceptor, desfruto do mais puro amor, proveniente do cálice da devoção do discípulo em entrega total.
Na forma de amigo, bebo dos mananciais borbulhantes do amor espontâneo.
Como amigo divino bebo, a grandes sorvos, as águas cristalinas do amor cósmico, provenientes do reservatório dos corações que adoram a Deus.
Estou apaixonado somente pelo Amor, mas permito-Me ser iludido quando, como pai ou mãe, apenas penso no filho e Me compadeço dele; quando, como amante, só me preocupo com a pessoa amada; quando, como servo, vivo apenas para o patrão.
Todavia, porque amo somente o Amor, destruo, por fim, esta ilusão das Minhas miríades de Eus humanos.
Trechos do escrito "O Vinho Onírico do Amor", por Paramahansa Yogananda na década de 1930.
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