domingo, 31 de março de 2013

Espetáculo trágico




É uma verdade incrível como a existência da maior parte dos homens é insignificante e destituída de interesse, vista exteriormente, e como é surda e obscura sentida interiormente. Costa apenas de tormentos, aspiraçoes impossíveis; é o andar cambaleante de um homem que sonha através das quatro épocas da vida, até à morte, com um cortejo de pensamentos triviais.
Os homens assemelham-se a relógios a que se dá corda e trabalham sem saber a razão. E sempre que um homem vem a este mundo, o relógio da vida humana recebe corda novamente, para repetir, mais uma vez, o velho e gasto estribilho da eterna caixa de música, frase por frase, com variações imperceptíveis. 


Arthur Schopenhauer-Dores do Mundo

quinta-feira, 28 de março de 2013




"Tendes de provar aos vossos inimigos e aos que vos querem mal, que vossa causa, sendo forte e assentando-se na rocha da Verdade, jamais pode realmente ser impedida em seu progresso por nenhuma oposição, por forte que seja, se todos vos unirdes e atuardes em concordância."

Mestre Kuthumi

quarta-feira, 27 de março de 2013

A PROPRIEDADE ESPIRITUAL DO ALIMENTO (H. Spencer Lewis)





Parte I

O VERDADEIRO ALIMENTO ESPIRITUAL

“Alguns especialistas em dietas provavelmente sorrirão ante os argumentos apresentados neste ensaio, devido a sua total ignorância quanto à natureza espiritual dos alimentos e talvez à verdadeira natureza espiritual do próprio ser humano. Mas os antigos místicos, que se aprofundaram muito neste assunto, preservaram suas descobertas, de maneira que podemos encontrá-las nos escritos antigos, sagrados e secretos das várias escolas de pensamento espiritual, e muitas formas modernas de pesquisa científica provaram a veracidade dessas velhas idéias.

Segundo essas antigas idéias, todo vegetal fresco dotado de caules, ramos e folhagem verde que se projetem acima da superfície da terra, está carregado de grande quantidade de essência espiritual, que as folhas e os caules receberam do Sol e da umidade do ar; e essa essência, presente nas folhas e nos caules dos vegetais, constitui uma energia vital necessária ao aspecto espiritual da vida humana.

Há muitos anos, um eminente Rosacruz da Itália descobriu um meio de extrair essas essências líquidas das folhas e dos caules de certas plantas que servem para alimentação, e conseguiu engarrafá-las antes que perdessem a vitalidade. Chamou esses extratos de “elétricos”, por falta de um nome melhor, e abriu uma clínica e um laboratório numa das altas montanhas da Itália, onde pessoas de todas as partes da Europa o procuravam para se tratar de doenças que nenhum outro sistema conseguia curar.

Mais tarde se verificou que esses extratos não eram remédios ou drogas, nem atuavam como os chamados extratos de ervas comumente usados hoje em dia, mas, eram extratos nutritivos que supriam as glândulas de uma forma muito especial de energia de que elas necessitavam para manter o aspecto psíquico, mental, nervoso, espiritual, do homem, funcionando devidamente. Isto veio provar o argumento dos antigos filósofos, quanto à qualidade espiritual dos alimentos.

Todos já ouvimos falar da maravilhosa ciência que foi desenvolvida pelos chineses, no tocante a seus extratos de ervas. Verificaram eles que certas ervas e plantas, não só continham essências boas para alimentação, especialmente para o funcionamento glandular do organismo físico, mas, alguns desses extratos eram bons para curar doenças.

Todos sabemos que a causa real, fundamental, da doença, é uma composição anormal ou inarmônica do sangue, enfraquecendo-se com isto a energia nervosa, bem como o funcionamento incorreto das glândulas, devido à falta de suprimento da energia adequada às mesmas. A necessária energia ou vitalidade para o sangue só pode ser suprida de dois modos: pela energia contida na correta espécie de alimento e pela energia introduzida no organismo pela respiração.



Parte II

VEGETAÇÃO ESPIRITUAL

A solução, então, está em encontrar a espécie adequada de alimento e comê-la de modo correto. Um dos grandes cientistas modernos, o Dr. D. T. MacDougal, Pesquisador Associado da Instituição Carnegie, Washington, D.C., escreveu um livro intitulado The Green Leaf (“A Folha Verde”), editado por D. Appleton & Company, New York. Neste livro diz ele, entre outras coisas: “Todos os seres vivos são compostos das mesmas substâncias comuns que compõem a terra, o ar e a água, sem vida, ao nosso redor... Um punhado de solo, uma xícara de água e uma brisa fresca, forneceram todas as espécies de matéria necessárias ao
crescimento de bacilos, musgos, árvores, ratos, ou homens.”

Em outras palavras, afirma o Dr. MacDougal que, no que tange à parte física, química, material, do corpo, a composição do homem nada tem de diferente daquilo que compõe árvores, ratos, micróbios, ou qualquer outra coisa que vive e cresce na face da Terra. Se desejamos pesquisar aquilo que torna o homem diferente de todos os demais seres vivos, devemos procurar algo mais em sua composição. Neste particular, diz o Dr. MacDougal: “A folha verde, ou a clorofila, é o conversor que opera o máquina do reino vivo. O poder pelo qual matérias-primas são decompostas, recombinadas, e associadas de modo a compor a base física da vida, vem à Terra como energia radiante, sob forma de luz do Sol.”

Se consultarmos os melhores livros científicos, vemos que clorofila é a singular essência semiquímica e espiritual das plantas, que lhes confere sua cor verde. Trata-se de uma essência peculiar, muito difícil de analisar do ponto de vista químico, porque encerra algo que não é puramente terreno ou químico. Se essa estranha essência não está presente numa planta, como por exemplo, num fungo, essa planta não é verde.

A clorofila, não apenas confere cor verde às plantas, mas, supre-as de uma espécie de vitalidade ou energia que possibilita à planta viver independente ou separadamente de outras plantas. Os fungos, por exemplo, e muitas espécies semelhantes de vegetação ou matéria viva, que não possuem essa estranha essência da clorofila, tornam-se parasitas e têm de se ligar a alguma outra coisa que tenha clorofila, para que dela possam extrair a vitalidade ou essência necessária à vida.

Aqui vemos, portanto, uns dos grandes milagres de Deus e, no entanto, uma das mais simples de todas as leis da natureza. A folha verde de uma planta tem esta cor não somente devido a uma substância corante, mas, graças à vitalidade nela presente, de modo que, quando essa vitalidade se esvai da planta, sua parte verde passa a marrom e amarela e a planta começa a morrer, ou a se deteriorar.

Não constitui afirmação arbitrariamente especulativa ou mística, dizer que essa clorofila é uma parte da divina essência do universo, colocada na vida vegetal para alimentar todos os seres vivos, pois, mesmo a ciência tem provado que isto é verdadeiro. Citemos novamente o Dr. MacDougal, neste particular: “A incidência diária de luz solar sobre as folhas verdes movimenta as engrenagens dos moinhos que decompõem as partículas de gases e sais que foram absorvidas pela planta, e as partes resultantes são recombinadas formando substâncias muito mais complexas... Em suma, a conversão primária de certos raios do Sol e seu emprego
na produção das complexas substâncias do protoplasma ocorrem em folhas e células verdes, por toda parte e em nenhuma outra parte.”

Podemos recorrer a um outro eminente cientista, Roger J. Williams, professor de Química da Universidade de Oregon. em seu livro, “Bioquímica”, editado por D. Van Nostrand Company, de New York, diz ele: “Todos os organismos precisam de energia para desenvolver suas atividades. As plantas verdes obtêm sua energia diretamente da luz solar. Alguns organismos obtêm-na da oxidação da amônia e de outras substâncias inorgânicas. Muitos organismos, com exceção das plantas verdes, entretanto, obtêm energia da oxidação parcial ou total de compostos orgânicos.”

Queiram notar que ambos os cientistas nos dizem, claramente, que certos raios de Sol, necessários para a essência espiritual da vida, só podem ser introduzidos no corpo através de folhar verdes ou das células de vegetação verde, e DE NENHUM OUTRO MODO. Certamente, isto prova que há uma propriedade espiritual em certos alimentos.



Parte III

ALIMENTO VEGETAL

Nossa pesquisa demonstra que a célula vegetal, especialmente verde, é a fonte primária de todos os bons alimentos, e que a célula verde da matéria vegetal é a única fonte da mais elevada forma de vitalidade espiritual. A ciência descobriu, recentemente, que os vegetais de folhas verdes são abundantes fontes de vitaminas e outros elementos necessários ao organismo humano.

Um outro ponto muito importante que foi comprovado por muitas pesquisas científicas, nos últimos anos, é que essas células da vegetação verde não são destruídas pela mastigação, não são solúveis em água, mas são danificadas pelo calor e a fervura. A despeito de como sejam essas células de vegetação verde ingeridas, por mastigação e mistura com saliva e outros ácidos na boca e no estômago, retêm elas sua forma e sua essência vital pura, desde que não sejam fervidas ou alteradas pelo calor. 

Portanto, esses milhões de minúsculas células verdes, altamente carregadas de essência espiritual, passam diretamente pelo sistema digestivo da boca e do estômago, para a corrente sanguínea, onde descarregam sua vitalidade ou energia, num modo que transcende a humana concepção.

Ora, é esta espécie de essência espiritual, que entra no organismo humano através da corrente sanguínea, que supre a maior quantidade de energia ao sistema nervoso, aos centros psíquicos e, especialmente, às glândulas.

(...) Isto se deve a que esses elementos verdes não apenas fornecem a vitalidade e a energia necessárias a que as glândulas funcionem devidamente, mas, dotam o sangue de uma qualidade que constitui uma proteção contra doenças, destruindo germes e corrigindo condições anormais do sangue e da energia nervosa do corpo. (...)

O famoso cientista, E. V. MacCollum, em seu livro “Foods, Nutrition and Health” (“Alimentos, Nutrição e Saúde”), preparado com a colaboração de um outro eminente cientista, Nina Simmonds, afirma “Se o sangue não contém as substâncias certas e nas proporções corretas, a restauração dos desgastes não se processa adequadamente. o resultado é a diminuição da vitalidade e imperfeições nas funções dos diversos órgãos. O fígado, os rins e outras estruturas vitais, podem, devido a uma nutrição defeituosa, falhar e manter sua eficiência pelo tempo em que deveriam fazê-lo.”

De tudo o que foi acima exposto, vemos que a alimentação não é apenas um meio de manter ou aumentar a robustez física do corpo, mas, também de manter as qualidades espirituais apropriadas, no corpo, de modo que o caráter e a personalidade possam evoluir e as faculdades e heranças espirituais superiores do homem possam desabrochar e funcionar para o máximo benefício do homem.

Vemos, portanto, que a correta respiração, juntamente com exercícios que provoquem respiração mais profunda, líquidos puros e alimentos vitalizantes, são essenciais à vida.”

segunda-feira, 25 de março de 2013





O discípulo do Tai-Chi não fugirá da luta, jamais.
Pois sabe que a montanha e todas as coisas que surgem no seu caminho
são elementos de aprendizado para sua experiência na terra.
Libera sua força e ataca como um tigre e se defende como tigre,
usa energia de seu interior e a expande.
Prossegue sua jornada lutando,
estando sempre no limiar de situações aparentemente antagônicas.
O homem agradece este presente dos céus e regressa à terra.
E nisso, surge um lago de águas calmas e brilhantes
simbolizando um problema do interior do guerreiro,
um problema espiritual, que não pode ser enfrentado com socos e pontapés.
O sábio, ao encontrar o lago, caminha com uma máxima suavidade,
por sobre as águas, tornando-se leve como o vento, leve como um espírito,
atravessando até chegar à sua margem e então ele olhará
para o lago e para os novos horizontes.
Continua o seu caminhar, porém seus passos não são como de início.
São mais belos e harmoniosos apreciando novas situações.
Até que o nosso caminhante se depara com o bruxo, o mago,
a personificação do medo do desconhecido.
O bruxo somente estará morto pela flecha da sabedoria,
removendo o sentimento de terror e ignorância que caia na consciência dos homens.
Depois de ter enfrentado seus fantasmas, o nosso venerável guerreiro
caminha guiado pela sua consciência e encontra o monge,
o mestre, o sábio, que aponta uma nova direção, mudando o seu rumo.
Ele segue esta orientação tranqüilo.
Porém, no terceiro passo, ele se depara com um abismo e decide saltar,
retornar é o caminho dos covardes.
O nosso guerreiro se encontra no fundo do abismo envolto pela escuridão
e como uma serpente ele rasteja pela lama do fundo do abismo
sem enxergar uma direção a seguir, rastejando; sujando-se de lama, ele percebe
que, como uma serpente, deve levantar, erguer-se para avistar novos horizontes.
Neste momento ocorre a morte do velho guerreiro.
E o nascimento de um novo homem que observa no horizonte distante uma luz
e resolve ir na sua direção, porém percebe algo estranho,
quanto mais ele caminha na sua direção mais ela se afasta.
Então ele pára e medita, e decide caminhar em direção oposta,
caminhando para o seu interior.
Procurou tanto nas coisas externas
e quando ele se volta para o seu interior ocorre a iluminação.
A felicidade brota no seu ser e ele está livre para alçar o vôo,
como uma gota de água no oceano que se evapora,
cai com a chuva formando os rios;
mas não há outro destino senão retornar ao grande oceano.
Liberto ele voa retornando ao lar, retornando ao grande Tao.
E este homem já não sabe mais o que é o céu
nem a terra, pois ele e toda a natureza,
tudo que está a sua volta são uma coisa só".

quarta-feira, 20 de março de 2013

De “Aulas da Vida”




"Olhai os lírios do campo; eles não trabalham nem tecem; no entanto eu vos digo: mesmo Salomão, em toda sua glória, não se vestiu como um deles". S. Mateus 6-28

"A lição nos adverte contra as inquietações improdutivas, sem compelir-nos à ociosidade.

O lírios para se evidenciarem quais se revelam não se afligem e nem ceifam; no entanto, esforçam-se com paciência, desde a germinação, na própriodesenvolvimento, abstendo-se de agitações pela conquista de reservas desnecessárias com receio do futuro, por acreditarem instintivamente nos suprimentos da vida.

Não fiam nem tecem para mostrarem na formosura que os caracteriza; todavia, não desdenham fazer o que podem, a fim de cooperar no enriquecimento do esforço humano.

Não se preocupam em ser gerânios ou cravos e sim aceitem-se na configuração e na essência de que se viram formados, segundo os princípios da espécie.

Não cogitam de criticar as outras plantas que lhes ocupam a vizinhança, deixando a cada uma o direito de serem elas mesmas, nas atividades que lhes dizem respeito à própria destinação.

Admitem calor e frio, vento e chuva, deles aproveitando aquilo que lhes possam doar de útil, sem se queixarem dos supostos excessos em que se exprimam.

Não indagam quanto à condição ou à posição daqueles a quem consigam prestar serviço, seja acrescentando beleza e perfume à Terra ou ornamentando festas e colaborando no interesse das criaturas em valor de mercado.

E, sobretudo, desabrocham e servem, no lugar em que foram situados pela Sabedoria Divina, através das forças da natureza, ainda mesmo quando tragam as raízes mergulhadas no pântano.

Evidentemente, nós, os espíritos humanos, não somos elementos do reino vegetal, mas podemos aprender com os lírios, serenidade e aceitação, paz e trabalho, com as responsabilidades e privilégios do discernimento e da razão que uma simples flor ainda não tem."




quinta-feira, 14 de março de 2013

Uma violeta não pode se tornar uma rosa.




- Interrogante: Diz-se que exemplo é melhor que preceito. Não pode o valor do exemplo pessoal a outro ser considerável, como o seu mesmo?
- Krishnamurti: qual é o motivo por trás dessa pergunta? Não é porque o interrogante deseja seguir um exemplo, pensando que isso poderá levá-lo à realização? Seguir o outro nunca leva à realização. Uma violeta não pode se tornar uma rosa, mas a violeta em si mesma pode ser uma flor perfeita. Não tendo certeza, a pessoa busca certeza na imitação do outro. Isto produz medo do qual surge a ilusão de abrigo e conforto no outro, e as muitas falsas ideias de disciplina, meditação e a subjugação da pessoa a um ideal. Tudo isso simplesmente indica a falta de compreensão da pessoa, a perpetuação da ignorância. Isto é a raiz do sofrimento, e em vez de discernir a causa, você pensa que pode compreender a si mesmo através do outro. Olhar para o exemplo de outro só leva à ilusão e ao sofrimento.

O VAZIO - Tao Te Ching



Trinta raios se unem no eixo;
Por causa do vazio central podemos usar a roda.
Barro é moldado num vaso;
Por causa do espaço vazio podemos usá-lo.
Paredes são construídas e formam um lar;
Por causa das portas podemos usar a casa.
Assim, os utensílios advêm do que existe,
Mas a utilidade advém do não-ser.

sábado, 2 de março de 2013




"SABER SUFI - Algumas vezes a Luz dos Atributos Divinos pode provocar sua reflexão no espelho do coração de acordo com a pureza deste último. Esta Luz distingue-se por um sentimento de bem-aventurança do coração, o que mostra sua procedência de Deus e não dos outros. É difícil descrever essa bem-aventurança. Diz-se que a Luz dos Atributos Construtivos é iluminativa mas não queima; que a dos Atributos Desintegrativos é queimante mas não ilumina. Isso esta além da compreensão do intelecto. Algumas vezes quando a pureza do coração é completa, o Vidente vê o Um Verdadeiro dentro de si quando olha internamente, e o Um Verdadeiro fora se olha para o universo. Quando a Luz Divina é reflectida na luz da alma e do coração, a visão se manifesta sem forma e infinita, única e em harmonia, como a base e o sustento de TODA a existência. Aqui não existe nascer ou morrer, direita ou esquerda, em cima ou em baixo, espaço ou tempo, longe ou perto, noite ou dia, céu ou terra. Aqui a pena se parte, a língua falha, o intelecto mergulha no vazio, a inteligência e o conhecimento perdem o seu rumo na estranheza do deslumbramento.” ( Mestre Sufi – Makdûm-ul-mulk )."